domingo, 30 de outubro de 2011

Liderança e Motivação

Olá,

A pedido de um amigo gostaria de falar sobre os temas Liderança e Motivação. Afinal, que tipo de estratégia deve utilizar um líder em sua missão de manter as pessoas motivadas a perseguir um objetivo comum?

Segundo a Wikipedia, Motivação é a condição do organismo que influencia a direção do comportamento. Em outras palavras, é o impulso interno que gera a ação. Liderança, por outro lado, é definida como o processo de conduzir um grupo de pessoas em determinada direção.

A união destes dos conceitos nos leva a uma definição de liderança da qual gosto muito. Liderança significa criar condições para que as pessoas tenham motivação  para se mover em determinada direção.

Mas o que faz as pessoas se sentirem motivadas? Seguem algumas dicas que podem ajudar.

1) As pessoas se motivam a seguir um líder que tenha uma Visão clara e convincente, que aponte para elas um caminho de realização pessoal.

2) As pessoas se motivam a seguir um líder que compartilha as dificuldades e os desafios da jornada com seus liderados. Alguém que vibra e sofre ao lado de cada membro de sua equipe.

3) As pessoas gostam de desafios e se motivam a seguir líderes desafiadores, que as permitam crescer e sentirem-se vencedoras.

4) As pessoas sentem-se inseguras muitas vezes. Por esse motivo, preferem seguir líderes que as suportam sempre que necessário. Líderes que desafiam mas não desamparam e que estão sempre disponíveis para ajudar aos que passam por dificuldades.

5) As pessoas precisam de reconhecimento e preferem seguir os líderes que sabem apreciar o esforço legítimo e que consideram a justiça um valor muito importante.

6) As pessoas precisam confiar no seu líder. Seja qual for seu estilo de liderança, um líder precisa antes de mais nada inspirar uma confiança inabalável. Se tivermos que escolher o atributo mais importante de um líder, a confiança bateria todos os outros.

Para liderar pessoas em determinada direção é preciso primeiro acreditar estar na direção correta, o que se consegue com uma visão clara e muita convicção. É preciso demonstrar de forma inquestionável que você estará ao lado de sua equipe por toda a jornada, para o bem ou para o mal.

Durante a jornada será preciso desafiar os que demonstrarem insegurança, provando que eles são capazes e dando ajuda quando necessário. Aos que demonstrarem capacidade de reação deve ser dado reconhecimento devido. Aos que fraquejarem, deve ser dada atenção e toda a ajuda que for possível.

O bom líder é justo e confiável. Ele é firme em suas decisões e procura utilizar um conjunto claro e restrito de valores para justificar cada uma delas.

O bom líder reconhece que só é forte se amparado por sua equipe e é solidário com cada um de seus elementos. Ele compartilha as vitórias com a equipe, faz questão de ter sua parte da responsabilidade nas derrotas e é um parceiro extremamente leal em todas as batalhas.

A melhor maneira de fazer com que as pessoas se motivem e atuar como um verdadeiro líder.

Não é fácil ser um bom líder todo o tempo, mas é possível treinar e melhorar a cada dia. Trata-se de uma jornada com uma direção bem definida, mas que se estenderá por toda sua carreira sem que seja possível chegar ao destino final.

Se você tiver comentários ou dúvidas sobre este e outros temas, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Terei o maior prazer em ler e responder sua mensagem.

Abs.

Paulo Pinho


sábado, 22 de outubro de 2011

Reflexões de um Blogueiro...

Olá,

Em meados de 2007, escrevi meu primeiro artigo neste blog. Na época, acreditava que o número de leitores seria muito maior e que, talvez, esse pudesse se tornar um hobby lucrativo. Não foi bem assim...

O tempo foi passando e minha energia para escrever foi reduzindo, passando de uma produção quase diária de artigos para algo em torno de um por mês. Pensei que o blog morreria e que o volume de leitores iria cair a zero. Novamente não foi dessa maneira que as coisas se deram ...

Ano após ano, o volume de leitores de meus artigos continuou crescendo, mesmo com a pequena produção que vinha gerando. Comecei a escrever um pouco mais, com a esperança que eles pudessem atrair ainda mais leitores. Uma vez mais, minhas expectativas foram frustradas...

Meus artigos mais lidos são os mais antigos. Esse que escrevo agora pode levar alguns meses para que seja lido pela primeira vez. Apesar disso, me sinto na obrigação de continuar escrevendo. É como se escrevesse para mim mesmo, na esperança de que surjam respostas a algumas perguntas essenciais que carrego comigo. Uma maneira solitária de pensar sobre coisas importantes da vida, de conversar consigo mesmo, de refletir sobre a razão de ser e de viver.

De vez em quando minha solidão é quebrada por um e-mail. É o aviso de que alguém leu um de meus artigos e foi tocado o suficiente para interagir. Me sinto lisonjeado e feliz e corro para ler e responder o comentário.

Não é sempre que recebo comentários, mas cada um deles vale muito. Por isso peço tanto que as pessoas comentem meus artigos e me passem suas críticas e sugestões.

Depois de quatro anos escrevendo, mais de 120 artigos publicados e modestas 23.000 visitas em meu blog não posso dizer que estou realizado, mas continuo acreditando no valor deste tipo de trabalho e prometo que continuarei a compartilhar com vocês meus pensamentos e reflexões.

Sinceramente não tenho muitas esperanças de que minha audiência cresça muito ou mesmo que os comentários passem a vir em profusão, mas quem sabe não serei surpreendido uma vez mais pelo destino. Quem sabe se as coisas novamente não acontecerão como estou imaginando...

Se você tiver algum comentário sobre este ou outro artigo deste blog envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Terei muito prazer em respondê-lo.

Abraços,

Paulo Pinho

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Uma Homenagem a Steve Jobs

Olá,

Hoje gostaria de homenagear um dos mais admirados e brilhantes líderes do mundo dos negócios, que encerrou sua participação no show da vida durante o dia de ontem.

Steve Jobs, uma história de vida no mínimo curiosa, um visionário admirável, um exemplo de sucesso empresarial simplesmente inquestionável.

Minha singela homenagem se resume em publicar seu próprio discurso, feito para uma turma de formandos da Universidade de Stanford, em 2005. Suas palavras demonstram a grandeza desse líder, tão humano e frágil quanto cada um de nós, mas ao mesmo tempo capaz de transformar o mundo como poucos foram.

Com vocês, o discurso de Steve Jobs:


“Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias. A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer.Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior.
Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.” Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade.
E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usadas para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz.
No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir as matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço.
Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação – o Macintosh – e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir.
Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira.
Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida.
Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.
Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia.
Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último”. Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar – caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas – que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro.
Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem. Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas.
Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição.
Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário. Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: “Continue com fome, continue bobo”. Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.
Obrigado.
Steve Jobs”