segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Coisas, Pessoas e Relacionamentos

Olá,

Em um mundo cada vez mais orientado a resultados, são inúmeros os mecanismos para medir a performance financeira das organizações. DREs, EBITDA, ROA, EVA são alguns dos acrônimos mais utilizados em apresentações de resultados a acionistas e representam métodos bastante eficientes quando o objetivo é saber como anda a saúde financeira de uma empresa.

Mas será que a saúde financeira é suficiente para avaliar o real potencial de uma empresa? O resultado passado na área financeira ajuda a prever os resultados futuros ou a definir estratégias para construí-lo? A resposta a essas perguntas incomoda e nos faz pensar se pelo menos parte do tempo gasto em medições e avaliações financeiras não deveria ser dedicado a outro tipo de observações e análises.

Uma organização é formada basicamente de três grandes entidades: as coisas, as pessoas e os relacionamentos entre elas. Os métodos financeiros de avaliação de resultados colocam seu foco em uma dessas entidades, a coisa, mas não levam em consideração as outras duas. Dessa forma, medimos de forma precisa como as coisas estão caminhando, mas nada sabemos como as pessoas ou a comunidade (relacionamentos) estão evoluindo.

Uma empresa com excelentes resultados financeiros pode estar a beira de um motim sem que se perceba esse sintoma quando avaliamos somente os mecanismos de monitoração financeiros. Ao mesmo tempo, uma empresa com resultados ainda pobres pode contar com um nível de comprometimento e energia tão altos que é quase certo afirmar que melhores resultados são uma questão de meses, mas novamente os mecanismos de monitoramento financeiros não nos permitem observar esses fenômenos.

As observações acima nos levam a necessidade de criar novos mecanismos de monitoração de performance, que sejam mais abrangentes e que nos permitam medir a eficiência das organizações não somente em gerar coisas (resultados financeiros). É igualmente importante avaliar a capacidade da organização de propiciar bem estar nas pessoas que dela fazem parte e de fazer com que elas se sintam parte de algo maior.

Ainda não existem mecanismos com adoção ampla e uniforme para medir a eficiência das organizações em sua capacidade de gerar bem estar e senso de pertencer nas pessoas, mas existem vários instrumentos que podem ajudar nesse processo. Pesquisas de clima, pesquisas de satisfação, encontros com o presidente e grupos de trabalho são alguns desses instrumentos e devem ser incentivados em qualquer organização que esteja em busca de otimizar sua performance global.

Assim como os instrumentos de monitoração financeira, os relacionados com a capacidade de gerar bem estar e senso de pertencer também são falhos e facilmente manipuláveis. Na verdade, por tratarem de um tema menos tangível, tendem a ser ainda mais vulneráveis ao mau uso por parte de executivos que buscam mais recompensas do que resultados verdadeiros. A chave para que funcionem adequadamente é a mesma que tenho repetido em vários artigos nesse blog: a disciplina de manter-se aderente a um conjunto firme e preciso de valores e princípios.

Uma empresa com alta capacidade de gerar bem-estar e senso de pertencer é mais alerta e possui maior nível de energia. Por estarem bem, as pessoas são capazes de enfrentar maiores níveis de adversidade sem se abater e tendem a ser mais criativas e produtivas, molas mestres do sucesso de uma organização. O senso de pertencer faz com que as pessoas valorizem a convivência com a comunidade e aumentem seu compromisso com a organização, o que diminui conflitos por poder e dá mais estabilidade ao quadro de associados.

Se você é responsável por uma empresa ou organização, procure criar mecanismos que o ajudem a medir a sua capacidade geração de bem-estar e de senso de pertencer. Mesmo que não sejam mecanismos muito precisos, o exercício de se preocupar com essas novas dimensões da performance empresarial por si só já o ajudaram a identificar pontos a melhorar em sua organização e a buscar níveis maiores de performance de curto, médio e longo prazo.

Se você tem algum testemunho sobre o tema acima, não deixe de enviar um e-mail para o endereço paulo.pinho@uol.com.br.


PP

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