quinta-feira, 26 de março de 2009

Fazer o que Gosta ou Gostar do que Faz?

Olá,

Outro dia estava conversando com meu dentista sobre a dificuldade de um adolescente na escolha de uma carreira.

Nós dois temos filhos estudando no segundo grau, momento em que precisam escolher que profissão, pelo menos do ponto de vista de formação, irão seguir no futuro. Além disso, meu dentista leciona em um curso de odontologia, sendo testemunha ocular de um número razoável de jovens adultos que se deparam com a descoberta de terem tomado a decisão errada quanto à carreira.

Durante a conversa tivemos alguns momentos de discordância que me ajudaram a reformar alguns conceitos que tinha sobre o processo de escolhas na carreira e que gostaria de compartilhar com vocês.

Sempre acreditei que as pessoas deveriam fazer suas escolhas de profissão usando como base suas preferências pessoais, sem se preocupar demais com questões como dinheiro, oportunidade de emprego, ou outros fatores tão utilizados por várias pessoas. Meu dentista, ao contrário, ressaltava a preocupação com a capacidade de lidar com as diversidades que cada escolha poderia trazer como um dos fatores mais importantes para a escolha da profissão.

Depois de alguns minutos de argumentação das duas partes, ficou claro que minha visão sobre o processo de decisão estava muito baseado em minha própria experiência e na forma como vejo e percebo as coisas. A visão dele, é óbvio, também tinha muito de sua própria experiência, mas continha um elemento a mais que me fez refletir um pouco: a observação de seus alunos na faculdade de odontologia.

Enquando eu falava da importância de se gostar do que se faz, meu dentista me lembrava que para termos sucesso na carreira, somos muitas vezes obrigados a fazer várias coisas das quais não gostamos tanto assim. Sua experiência como professor o colocou diante de situações em que vários alunos se recusavam a dedicar esforço a determinada matéria simplesmente por que não gostavam daquele tipo de assunto, o que com certeza prejudicava suas formações, criando lacunas no seu processo de aprendizado.

Aquele diálogo me fez refletir muito. Se por um lado, baseado em minhas próprias crenças e até mesmo em estudos de neuro ciência, tenho a certeza de que é muito difícil ter sucesso fazendo algo que não gostamos ou não temos prazer em fazer, por outro lado, era visível que a relutância em praticar determinada disciplina ou habilidade somente pelo capricho de não gostar de algo era danoso ao sucesso de qualquer pessoa.

Após algum refinamento em meus pensamentos, cheguei a uma elaboração que me parece mais completa que a anterior.

Devemos sempre buscar fazer aquilo que mais gostamos e que nos dá mais prazer, mas precisamos reconhecer que não existe mundo perfeito e que os obstáculos e as contrariedades virão. Para que tenhamos real sucesso, precisamos aprender a gostar de lidar com os obstáculos e com as contrariedades.

Assim como o atleta enfrenta a dor e fadiga para fazer o esporte que mais gosta e ter a recompensa de atingir seus objetivos, todos nós precisamos enfrentar nossas dores para que possamos ter sucesso. É preciso "gostar" de sentir dor para seguir em frente, caso contrário iremos parar no primeiro sinal de desconforto.

Para ter sucesso é preciso gostar de desafios e de enfrentar dificuldades. Em outras palavras, é necessário gostar de sentir dor. Sempre que possível é importante optar por fazer o que se gosta, mas esteja sempre preparado para gostar do que faz, independente do que seja.

Se você tem comentários a respeito desse ou de outro artigo, envie seu e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

Abraços,

PP

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Tirania dos Indicadores

Olá,

Antes de iniciar esse artigo é necessário dizer que não sou contra os processos de medição de resultados nas empresas. Ao contrário, sou daqueles que adoram identificar tendências a partir da medição de resultados e reconheço que os indicadores de desempenho são uma ferramenta extremamente útil para o acompanhamento dos resultados das empresas.

Meus problemas com os indicadores surgem quando eles passam a ser mais importantes do que a própria operação, criando grandes distorções na forma como as pessoas se comportam, o que acontece com mais frequência do que se imagina.

Por mais elaborados que sejam os indicadores de performance, não se pode medir o sucesso de uma organização olhando somente para a evolução de seus indicadores ao longo do tempo. É importante entender o que está por trás de cada variação, identificando os motivos que levaram aos resultados obtidos.

Uma empresa pode ter seu faturamento crescente sem que isso represente que seu lucro será igualmente positivo. Mesmo que seu lucro acompanhe o crescimento do faturamento, isso não significa que essa empresa possui uma estratégia sustentável e seu faturamento e lucro podem
cair rapidamente e sem explicação em um par de meses.

Não há exemplo mais atual do que a grande crise financeira que vivemos. Até meados do ano passado os grande bancos de investimento davam as cartas do mercado, definindo o valor das empresas, das commodities e de quase tudo na economia. Seus indicadores eram fantásticos e sempre crescentes, um verdadeiro exemplo de empreendedorismo, e poucos tinham a coragem de dizer que essa aparente fortaleza escondia um grande castelo de cartas.

Durante vários anos os executivos das instituições financeiras ganharam bônus inacreditáveis por fazerem com que os indicadores de performance dessas organizações batessem recordes todos os trimestres. Vários deles foram capas de importantes revistas de negócios, apresentados como os grandes gênios do mercado financeiro.

Hoje, depois que o castelo de cartas veio abaixo, ficamos sabendo como os indicadores eram manipulados de forma amoral, fazendo com que os resultados fossem inflados com negócios podres, sem qualquer chance de trazer resultados verdadeiros para as instituições.

Estavam os indicadores errados? Eram mal elaborados? Foram calculados de forma incorreta?

A verdade é que não existem indicadores perfeitos e eles estão sempre sujeitos a algum tipo de manipulação. Além disso, por mais que sejamos criativos na criação e desenvolvimento dos indicadores, nunca seremos capazer de reduzir a complexidade de uma grande organização a um punhado de indicadores. Isso é impossível, e a crise fez o favor de nos lembrar dessa impossibilidade.

Volto a afirmar que não sou contra o uso de indicadores, afinal eles são indispensáveis na gestão de uma empresa. Apenas não podemos nos esquecer de que os indicadores são gerados a partir de milhares e milhares de eventos, que podem esconder muita informação relevante, desconsiderada durante o processo de cálculo dos indicadores.

Saber analisar o que está por baixo dos indicadores pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso e deveria ser obrigação de todo executivo responsável por uma organização. Ocorre que para isso é necessário conhecer profundamente a operação da empresa e dá bastante trabalho. É preciso questionar as pessoas; ouvir explicações; desafiar as incoerências; e ter coragem de agir.

É muito mais fácil aceitar os indicadores como a única fonte de informação sobre os resultados da empresa. Se eles são ruins, as pessoas estão trabalhando de forma equivocada e mudanças devem ser realizadas. Se são bons, a estratégia está funcionando e as pessoas devem ser recompensadas.

O problema é que os indicadores podem esconder uma realidade bem diferente.

Uma empresa pode estar com seu faturamento crescente mas perdendo seus clientes mais valiosos. Seu lucro pode estar crescendo, mas as custas de uma inadimplência explosiva ou de uma queda na qualidade do serviço que irá cobrar sua conta em breve. Ao mesmo tempo, uma empresa pode ter seu faturamento e lucros reduzidos por conta de um reposicionamento de mercado que garantirá seu futuro pelos próximos dez anos.

Os grandes executivos não se curvam diante da tirania dos indicadores. Eles são críticos tanto com os resultados positivos quanto os negativos. Querem saber mais sobre cada número e entender o que está por trás de cada um dos indicadores.

Se você tiver comentários sobre esse e outros artigos, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

PP

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pensamento Positivo

Olá,

Outro dia um de meus sócios apresentou um texto que falava sobre um treinamento diferente para quem pretende participar de uma prova de ciclismo. Em vez de propor horas adicionais de pedalada ou algum programa de condicionamento físico, sua proposta era treinar seu cérebro a somente pensar somente em coisas positivas por uma semana.

Pode parecer uma bobagem achar que o pensamento positivo é capaz de influenciar no desempenho de um atleta ou de um profissional, mas a verdade é que pensar positivo faz toda a diferença e existem inúmeros exemplos que comprovam essa afirmação.

Observe a sua volta e pense em pessoas que você admira por suas realizações. Provavelmente são pessoas orientadas ao pensamento positivo, que acreditam que as coisas boas vão acontecer e que conseguem encontrar aspectos positivos mesmo nas situações mais adversas. O hábito de pensar de maneira positiva faz com que essas pessoas construam imagens de sucesso em suas mentes, que trabalham no sentido de torná-las realidade.

O homem é o reflexo de seus pensamentos. Sua realidade é construída nos porões de
sua mente a partir dos pensamentos que produz diariamente. Se ele tem o hábito de pensar positivamente, coisas positivas tendem a ocorrer com mais frequência. Ao contrário, se sua atitude perante a vida dispara pensamentos negativos, o resultado são inúmeros eventos negativos.

Quando pensamos positivo construímos imagens de sucesso em nossas mentes, que ajudam a buscar caminhos que nos levem aos nossos objetivos. Imaginar o sucesso em detalhes funciona como pavimentar uma estrada do final para o início. A partir da imagem de sucesso criada em nossas mentes, disparamos um processo de desconstrução dos caminhos que nos levariam a ele e as ações que precisam ser feitas para alcançá-lo.

Alguém poderia dizer que pensar não é suficiente. É verdade, não é. Mas é o ato de pensar positivamente que nos abre as portas das possibilidades e da criatividade. É a maneira mais eficaz de identificar as ações que uma vez tomadas irão aproximar-nos de nossos sonhos. O pensamento nos apresenta as possibilidades e nos faz sentir vontade de agir. O resto é consequência.

Um passo após o outro, vamos em direção a nossos sonhos. Se continuamos acreditando em nossa imagem de sucesso, novas ideias surgem e somos impelidos a continuar na direção estabelecida. Se, ao contrário, passamos a duvidar, nosso foco é desviado para os problemas e dificuldades, que passam a dominar o cenário, atrasando nossa jornada.

Pessoas que funcionam mais tempo no modo positivo, se movimentam mais rapidamente em direção a seus sonhos. As que dedicam mais tempo ao modo negativo de pensar, se afastam de seus sonhos e se aproximam de pesadelos. Afinal, como foi dito no início, somos o reflexo de nosso pensamento.

Se você pretende realmente ter sucesso, seja na vida pessoal ou profissional, procure pensar de maneira positiva. Não deixe que as dificuldades o façam criar novas dificuldades. Tente transformá-las em oportunidades e em aprendizado. Acredite na sua capacidade de enfrentar os obstáculos e, acima de tudo, visualize-se em situações de sucesso sempre que possível.

Se você possui comentários sobre esse e outros artigos, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Terei muito prazer em ler seus comentários.

PP