domingo, 25 de novembro de 2007

Escolhendo o Caminho

Uma das coisas mais difíceis da vida é a escolha da profissão. Pior que isso, minha experiência mostra que nossas escolhas acadêmicas muitas vezes passam longe do destino final de nossas vidas profissionais.

Quando pequeno queria ser cientista. Era fascinado por filmes de ficção científica, adorava aulas de ciência e devorava enciclopédias em busca de assuntos relacionados com tecnologia. Queria ser cientista.

O tempo passou e o sonho de ser cientista foi se transformando em um projeto racional de ser engenheiro. Afinal, quanto ganharia um cientista? Provavelmente muito menos do que um engenheiro (doce engano). Seria muito mais seguro fazer o que todos faziam, ser médico ou engenheiro. Como não gostava de sangue, minha opção foi fácil. Serei engenheiro.

O tempo passa, vou avançando na escola e chego no último ano do segundo grau. Surge então a primeira grande dúvida: que engenharia escolher. Naquela época eram poucas as opções mas já foi o suficiente para me deixar muito confuso. Poderia optar pela engenharia tradicional, que icluía as opções civil, mecânica, elétrica e eletrônica, ou buscar coisas novas como química, naval, produção, telecomunicações ou agronômica.

Minha curiosidade fez considerar essa coisa nova chamada engenharia agronômica. Vasculho minhas enciclopédias e não encontro nada. Leio os jornais e fico estusiasmado. Parece uma coisa futurista, bem perto do sonho antigo de ser cientista. Tomo uma "decisão", vou fazer agronomia.
A primeira pessoa com quem divido meus planos é meu pai. Falo sobre tudo o que a agronomia representará no futuro. Conto casos de profissionais que já despontam na área e mostro com gráficos como um engenheiro agronômico possui mais chances do que qualquer outro de conseguir sucesso.

A resposta foi frustrante. Ele me olha assustado, diz que não concorda e faz a seguinte afirmação:
- Meu filho, você está ficando louco. Gasto uma fortuna para te manter no melhor colégio do Rio de Janeiro e você me diz que vai ser agrônomo. O que você vai fazer com a HP21C que eu te dei de presente, contar repolhos?

Foi uma ducha de água fria. Minha animação ficou abaixo do nível do mar. Me senti o maior idiota do mundo, mas resolvi ir em frente. Meu pai era uma pessoa simples e não muito culta.
Ele não era mesmo capaz de ver o futuro, pensei.

Os meses passam e chega o dia de me inscrever. Com convicção pego o formulário e começo a preenchê-lo. Ponho nome, endereço, dados demográficos... É hora de colocar o código da profissão. Encontro no manual de preenchimento o grupo de engenharia. Lá estão os códigos das diversas opções. Os repolhos começam a gritar em minha cabeça. E se der errado, o que meu pai vai dizer? Será que eu vou gostar dessa coisa? Como vai ser estudar na universidade rural? Meu Deus, o que devo fazer?

O resultado vocês já devem imaginar. Opto pelo mais seguro, fazer engenharia tradicional. O resto é fácil escolher, da escola mais famosa para a menos relevante. Está decidido, vou ser engenheiro.

Já na universidade tenho que tomar uma nova decisão. Qual das engenharias escolher. Civil, mecânica, elétrica ou eletrônica são as opções. Não tenho a menor idéia de qual escolha fazer e tomo uma decisão muito importante. Escolho copiar meus colegas mais chegados, serei engenheiro elétrico.

O curso vai chegando no seu quarto ano e, novamente é hora de optar. Quais são as opções? Engenharia de potência, de controles ou uma coisa estranha chamada de nuclear.
Que tal ser engenheiro nuclear? Eles prometem um estágio no final do curso e quase uma garantia de emprego no Instituto de Engenharia Nuclear. Seria realizar o sonho de trabalhar na área científica, continuar sendo engenheiro e conseguir um emprego seguro em uma das autarquias nacionais. Não dá outra, vou ser engenheiro nuclear.

Minha formatura vem em seguida. O estágio se transforma em emprego e sou alocado em uma área nova chamada DEIC, Departamento de Informática e Computação. Apesar de todas as escolhas anteriores, é neste momento que minha carreira começa a se definir. Essa tal de informática me encanta. Fico horas e horas na frente de um terminal e os bits e bytes se tornam minha grande diversão.

Mas nem tudo é diversão. Apesar de adorar o assunto informática, aos poucos me dou conta de que não consigo conviver com duas coisas. A primeira é a morosidade e a falta de desafios de uma autarquia. A segunda é a falta que me faz conversar com pessoas. Durante os quase quatro anos que trabalho no IEN, engordo mais de 20 quilos e sou advertido duas vezes por atrapalhar os colegas com conversas e brincadeiras "incompatíveis" com o ambiente profissional.
Tomo uma decisão. Vou sair e procurar um lugar em que possa ter mais desafios.

continua no próximo capítulo...

2 comentários:

  1. Estou indicando este artigo para as pessoas que estao sendo orientadas por mim, quanto a escolha profissional. Sua forma de expressao escrita é muito clara e direta. Parabéns!
    Dani

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  2. Onde está a continuação?!

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