quarta-feira, 23 de abril de 2008

A Crise da Meia Idade

Olá,


Essa semana recebi a cópia de um artigo publicado na Harvard Business Review de Fevereiro com o qual me identifiquei muito e tenho certeza de que o mesmo acontecerá com vários de vocês. O artigo fala sobre a já famosa crise de meia idade, que assola executivos na faixa dos 40 a0s 50 anos, e é cercada de mitos e fantasias que fazem várias pessoas nessa idade caírem em armadilhas perigosas.


Um dos pontos importantes do artigo se refere ao mito de que a jovialidade tem relação direta com as possibilidades de escolher novos caminhos. Essa crença leva as pessoas a acreditarem que mudar e rumo no meio do caminho é uma prerrogativa somente dos mais jovens, que possuem um tempo maior para fazer tentativas, o que imobiliza muitos executivos de meia idade, condenando-os a manter um rumo que não lhes agrada por considerarem-se inaptos a tentar novas maneiras de viver.


É verdade que os executivos jovens possuem mais tempo para tentar alternativas do que os mais maduros, mas a experiência profissional de 20 anos adicionais dá ao executivo de meia idade muito mais chances de identificar o melhor caminho e de saber o que realmente deseja para sua segunda metade da vida.

Assim sendo, não há nada de errado em considerar uma mudança de rumo na carreira durante a meia idade. Ao contrário, tomar a iniciativa de buscar um novo caminho antes que as circunstâncias o façam é altamente recomendável e evita a situação de ser descartado pelo sistema em algum momento da linha do tempo.

Mas mudar exige cuidado e planejamento e está longe da fantasia de que podemos fazer qualquer coisa de nossas vidas apenas com a força do pensamento. É preciso refletir bastante sobre o que desejamos, sobre as reais possibilidades de conseguirmos nossos objetivos e de como lidaremos com as dificuldades e com os riscos. Mudar é preciso, mas também é necessário aproveitar ao máximo as experiências, o conhecimento e os relacionamentos que foram construídos na primeira metade da jornada. Caso contrário, o executivo se coloca na mesma situação do novato, com a diferença de que tem menos tempo para se recuperar.

A necessidade de mudar durante a meia idade é real e legítima. Não é uma crise em si, mas somente um processo de transformação. As crises são provenientes de duas possíveis atitudes extremas que procuro detalhar a seguir.

A primeira atitude equivocada é a tentativa de negar que a mudança se faz necessária e a tentativa de se convencer de que tudo continua como antes. É um erro grave e que pode gerar grandes arrependimentos no futuro. Muitos executivos são pegos de surpresa quando são informados pelo sistema que já não interessam mais e que estão dispensados. Alguns entram em depressão, outros chegam a morrer de desgosto. Para evitar o inevitável, alguns executivos insistem em desafiar seus limites sem considerar que já não possuem mais 20 anos de idade. O resultado pode representar grandes danos à saúde e à família, alguns deles simplesmente irreversíveis.

A outra atitude extrema e perigosa é a de achar que tudo é possível e se jogar de cabeça em aventuras cheias de fantasia. Esse tipo de comportamento normalmente leva a momentos de muita satisfação ao princípio, mas pode consumir poupanças de uma vida inteira em questão de meses ou anos. No final, todo o esforço de buscar segurança é desperdiçado e o executivo é forçado a começar de novo em um momento em que as possibilidades já não são tão promissoras assim.

Se você está chegando na faixa dos 40 anos, ou mesmo se já passou um pouco dela, pense um pouco sobre o que deseja fazer de sua vida nos próximos 20 anos. Avalie se não é momento de iniciar uma fase de transição, de preparação para uma nova etapa de vida. Pense em coisas como um novo formato de relacionamento com o trabalho, mais atenção à saúde e à família, um novo equilíbrio entre trabalho e lazer, enfim, em uma nova maneira de viver.

Não tenha pressa em decidir seu novo rumo. Apenas reserve mais horas do seu tempo para refletir sobre seus sentimentos, suas necessidade e seus sonhos. Pense em alternativas, investigue possibilidades e deixe o tempo cuidar do resto. Aos poucos você irá materializando seus sonhos e suas próprias ações o levarão ao rumo certo. Não se apresse, mas tome o cuidado para não negar seus sonhos.

Se você tem comentários sobre esse artigo, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

PP

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