sábado, 13 de dezembro de 2008

A arte de nadar em mar aberto

Olá Pessoal,

Já faz um bom tempo que não escrevo e sinto-me um pouco culpado de ter abandonado os que vez por outra visitam esse site. A eles peço desculpas e prometo que irei me esforçar para escrever artigos com maior freqüência.

A culpa de não ter escrito mais nos últimos tempos me fez refletir sobre o título desse artigo. Vocês já notaram como vários de nossos planos importantes são aos poucos esquecidos e substituídos por outros que nem foram tão planejados assim?

Pois é... Todos os anos definimos para nós mesmos uma série de compromissos. Eles vão do ingênuo plano de perder alguns quilinhos a coisas sérias como iniciar uma poupança para a aposentadoria ou tratar aquela dor nas costas que aos poucos vai tirando nossa mobilidade.

Via de regra, após algumas semanas de intenso esforço, vamos nos entregando ao fluxo natural da vida e retornamos ao ponto em que estávamos. Os poucos quilos perdidos durante algumas semanas retornam e a escalada do peso continua. A poupança deixa de ser reforçada e é utilizada para as emergências do dia a dia, sendo aos poucos substituída pelo limite rotativo do cartão de crédito ou do cheque especial. A fisioterapia é abandonada e passamos a utilizar apenas o analgésico para enganar a dor quando a mesma se torna mais intensa.

Deixar a vida nos levar é parte da arte de viver. Lutar contra a correnteza da vida todo o tempo é cansativo e traz grande frustração. Alguns são mais tenazes do que outros, mas a verdade é que, assim como na correnteza do mar, é impossível nadar contra ela por muito tempo. Talvez isso explique por que muitos de nossos planos são frustrados em poucas semanas ou meses. Parece que de alguma maneira, nossa decisão vai contra o fluxo natural das coisas.

Sei que você deve estar pensando que não podemos aceitar essa realidade e que precisamos ser disciplinados e vencer os desafios que são postos pela vida. Concordo plenamente e é por isso que decidi escrever esse artigo. Afinal, é preciso encontrar uma maneira de vencer a inércia que a vida nos impõe e aprender a mudar de direção de maneira definitiva.

Uma maneira bastante eficaz de vencer os maiores desafios é a utilizada pelos nadadores de mar aberto mais experientes. Eles conhecem muito bem a força que a natureza possui e aprenderam a buscar seus objetivos, ora se aproveitando dessa força, ora evitando-a ou contornando-a.

A primeira coisa que um bom nadador faz quando vai atravessar uma faixa de mar é estudar o ambiente. Ele procura entender a força, a direção e o horário das correntezas, planejando sua travessia com detalhes e paciência.

Quando a correnteza é a favor de sua direção e sentido, ele procura aproveitá-la ao máximo. Com isso, consegue atingir velocidades que jamais seria capaz por suas próprias forças.

Ao contrário, quando a correnteza é totalmente frontal ao seu objetivo, ele avalia sua capacidade de suportá-la e, muitas vezes, decide mudar de direção e nadar em busca dos limites dessa correnteza, evitando o confronto direto. Ele sabe que é melhor empenhar sua energia fugindo da correnteza do que enfrentando-a.

Nem sempre a melhor solução é fugir da correnteza. Se há energia suficiente para enfrentá-la e ainda produzir movimento positivo, pode ser melhor seguir em frente. Nesse caso, no entanto, é importante saber por quanto tempo teremos que enfrentar o estresse de nadar contra a correnteza. Se estamos preparados para o tempo esperado, com alguma folga, vamos em frente.

Em algumas situações não há o que fazer para enfrentar a correnteza. Nem é possível contorná-la e atingir seus limites, nem tampouco enfrentá-la. Nesses momentos, o nadador experiente poupa suas energias, volta ao planejamento e aguarda o momento correto para reiniciar sua jornada. Literalmente, ele deixa que a vida (correnteza) o leve por um tempo.

Finalmente, mas não menos importante, o bom nadador nunca perde a esperança. Ele sabe que perdê-la significa não mais pisar em terra firme e luta todos os momentos para manter a serenidade e o senso de direção.

Estamos nos aproximando do final de mais um ano. Momento em que todos param para pensar em seus planos futuros e nos compromissos que irão assumir para os próximos 12 meses. Minha sugestão nesse momento é pensar como um nadador de mar aberto.

Avalie seus desejos e sonhos em função do cenário que está colocado a sua frente. Procure identificar os grandes obstáculos e avalie sua capacidade de enfrentá-los de frente. Se você tem dúvidas, pense em alternativas de contorno. Se acha que não vai conseguir, pense em buscar objetivos mais fáceis de serem atingidos.

Lembre-se que o sucesso alimenta a auto-estima, enquanto o fracassso a solapa. A somatória de pequenos sucessos nos fortacele, aumenta nossa reserva de esperança e nos prepara para buscar sonhos mais ousados e para enfrentar fracassos maiores.

Os fracassos têm o poder de nos tirar parte da esperança que temos armazenada. Se nossas reservas são volumosas, somos capazes de enfrentar grandes fracassos e ainda termos energia de ir em frente. Se ao contrário, nossas reservas são limitadas, temos que ser cuidadosos e evitar a possibilidade de fracassos maiores. Zerar a reserva de esperança não é uma opção.

Assim como um nadador experiente, planeje suas ações com calma e detalhamento. Avalie sempre sua capacidade de enfrentar cada desafio e mantenha a vigilância sobre o ambiente. Em momentos de calmaria, onde os fatores externos são a seu favor, acelere na direção planejada e aproveite a sensação de liberdade e realização. Em momentos de dificuldade, reavalie sua capacidade de reação e decida se o melhor é continuar enfrentando, buscar contornos ou mesmo deixar que a correnteza o leve.

Por fim, nunca se esqueça de manter a calma e a esperança. Elas são suas melhores amigas nessa jornada.

Um grande abraço.

PP

Nenhum comentário:

Postar um comentário