segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Assumindo sua parte da responsabilidade

Olá,

Uma das coisas mais difíceis na vida profissional e pessoal é assumir na medida certa a responsabilidade pelos fatos que ocorrem no dia a dia. Algumas vezes temos a tendência a nos inocentarmos em demasia, jogando para os outros ou mesmo para o destino a responsabilidade pela ocorrência de determinados eventos. Outras vezes assumimos uma responsabilidade maior do que a devida, nos glorificando ou martirizando por atos que pouco ou nada dependeram de nossa atuação.

É claro que assumir a responsabilidade por eventos felizes costuma ser mais fácil para a maioria das pessoas. Afinal, quem não gosta de ser elogiado por ter sido responsável por algo notável. Os eventos desagradáveis, ao contrário, tendem a ser gerados por fatores externos ou por pessoas distantes. É como diz um ditado popular, o sucesso tem paternidade múltipla enquanto o fracasso é órfão de pai e mãe.

Mas nem todo mundo funciona dessa maneira. Algumas pessoas sentem uma necessidade incrível de se criticar e de negar suas virtudes. Diante de um evento positivo, tratam de afirmar que não tiveram qualquer envolvimento com ele. Chegam até a negar de forma enérgica quando alguém insinua sua participação no mesmo. Na outra ponta, são os primeiros a saltar e reconhecer sua culpa quando as coisas vão mal.

Uma boa maneira de procurar o equilíbrio com relação a sua responsabilidade sobre os fatos é pensarmos na física e no funcionamento do universo. Para que nosso planeta suporte a vida é necessário que uma estrela a milhões de quilômetros nos forneça calor. Mas somente isso não é suficiente. Uma combinação complexa de fatores como presença de água, existência da atmosfera, composição química do planeta, entre outros tantos, fazem a diferença entre uma Terra densamente habitada e uma Lua inerte e vazia.

Se o Sol fosse um ser humano, ele poderia ter vários comportamentos sobre o fato de haver vida na Terra e não haver na Lua. Ele poderia dizer que é o responsável pela vida na Terra e que o fato de não haver vida na Lua está relacionado com a inexistência de uma atmosfera adequada. Se fosse um pouco mais deprimido, poderia dizer que foi incapaz de produzir vida na Lua e que a existência da mesma na Terra nada tem a ver com sua capacidade de aquecimento.

A verdade é que o Sol é um dos componentes que definem a existência da vida na Terra e a não existência da mesma na Lua. Ele não é capaz de produzir ou exterminar a vida sozinho, mas é fundamental na fórmula que leva a um estado ou ao outro.

O uso do Sol como elemento nessa análise não é por acaso. Por estar bastante distante da Terra, ele serve para mostrar que podemos influenciar em situações aparentemente fora do alcance de nossas ações. Em algum grau, sempre é possível encontrar alguma correlação entre nossos atos e os fatos que se sucedem.

Pensemos no estado em que se encontra nosso planeta, aquecendo ano a ano e aproximando-se do limite de sua capacidade de prover um ambiente favorável a humanidade. A grandeza desse fenômeno, faz com que nenhum de nós julgue-se totalmente responsável por essa realidade. No entanto, todos somos em algum grau responsáveis pelo que está acontecendo. Cada latinha de refrigerante que consumimos, cada prato de carne que degustamos, cada minuto de televisão que assistimos colaboram para o aquecimento do planeta, gostemos ou não dessa realidade.

Mas qual é a maneira correta de lidar com a responsabilidade sobre os fatos?

Não tenho uma resposta científica para essa pergunta, mas pessoalmente procuro utilizar duas regras básicas e que me ajudam a medir melhor meu envolvimento com os eventos do dia a dia. São elas:

1) Sempre existe algum grau de responsabilidade sua sobre o que acontece;
2) Sempre existe algum grau de isenção de responsabilidade sua sobre o que acontece.

Pode parecer meio forçado dizer que sempre estamos envolvidos e nunca totalmente, mas essas regras nos ajudam a refletir melhor sobre a verdadeira responsabilidade que temos sobre os fatos que acontecem.

Outra técnica que utilizo para avaliar minha responsabilidade sobre os fatos é a de me afastar um pouco da cena e procurar vê-la como um fato neutro, nem bom nem ruim. Isso ajuda a diminuir a culpa por ter sido responsável por algo ruim ou a ansiedade de querer ser responsável por algo bom.

Quando o fato me parece muito positivo, procuro refletir sobre as dificuldades que tal evento podem trazer no futuro. Quando parece uma verdadeira tragédia, penso nas coisas boas que podem surgir a partir desse acontecimento.

Refletir sobre a neutralidade dos fatos nos ajuda a medir melhor nossa responsabilidade sobre os mesmos. Entender que sempre somos de alguma forma responsáveis e nunca totalmente isentos, nos ajuda a identificar melhor a correlação entre nossos atos e os eventos que observamos.

Na próxima vez em que você se sentir totalmente responsável ou isento em relação a determinado fato, procure seguir o raciocínio que apresentei. Se ajudar, me envie um e-mail comentando sobre sua experiência.

Abraços,

PP

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