quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Necessidades e Desejos

Olá.

Todos nós temos agendas pessoais e procuramos atendê-las de melhor maneira possível. Não há nada de errado nisso, ao contrário, é desejável e saudável que as pessoas tenham como primeiro objetivo satisfazer suas necessidades para depois cuidar das necessidades dos outros.

Mas e quando não sabemos muito bem qual é a nossa agenda e entramos em conflito nós mesmos? Quando tudo o que fazemos para nos satisfazer, nos leva a cada vez mais frustração e parece que nada mais é capaz de nos dar prazer por muito tempo?

Primeiramente, precisamos identificar se estamos tentando atender necessidades reais ou simples desejos. Buscar atender necessidades é recomendável na grande maioria das vezes, mas atender desejos nem sempre é a melhor solução e pode trazer desconforto nas relações sem que haja real benefício para o indivíduo.

Uma necessidade é algo que está alinhado com seus objetivos de vida e com seus valores. Algo que precisa ser feito para que você se aproxime deles. Um desejo é algo que lhe dá prazer momentâneo, que alivia suas tensões e o faz ter sensações agradáveis, mas que não necessariamente está alinhado com seus objetivos e valores. Atender uma necessidade deve ser prioritário em nossa vida. Satisfazer um desejo pode não ser recomendável.

Se alimentar é fundamental para continuar vivendo e a não ser que você já tenha desistido de todos os objetivos de nossa vida terrena. É uma necessidade que deve ser atendida. Comer a décima fatia de picanha gordurosa da churrascaria provavelmente não é uma necessidade, a não ser que alguém esteja ameaçando sua vida caso você não coma. Esse é tipicamente o atendimento a um desejo de sentir o sabor da carne e o melhor que você tem a fazer é parar de atendê-lo.

Sensações agradáveis não são exclusividade de situações de puro desejo. Uma pessoa que se alimenta normalmente tem a mesma agradável sensação de paladar que terá uma pessoa que come por puro prazer, com a vantagem de não ter que enfrentar o arrependimento ao se pesar no final de semana ou ao ter que tomar um remédio para o mal-estar que sentirá em algumas horas.

Confundir necessidades com desejos é muito fácil e substituir a primeira categoria pela segunda é muito comum, apesar de ser totalmente inadequado.

Para que não nos tornemos escravos de nossos próprios desejos, precisamos aprender a adiá-los, de preferência substuindo-os por atendimentos a reais necessidades. Por outro lado, deixar de atender nossas necessidades cria um deficit de sensações agradáveis em nossa vida, o que vai tornando nossos desejos mais fortes e inadiáveis.

A melhor maneira de se livrar dos desejos que nos fazem desviar de nossos objetivos é procurar atender nossas necessidades com prioridade. Tudo começa com uma reflexão sobre o que é realmente importante para cada um de nós e quão próximos ou distantes estamos do atendimento das necessidades que nos levam as coisas que são realmente importantes.

Para que fique mais claro, tomemos o exemplo de um executivo de sucesso que vive distante de sua família a maior parte do tempo. Se para esse executivo, a convivência com a família é muito importante, haverá um deficit de sensações positivas que ele terá que preencher atendendo a outras necessidades ou, o que acontece com mais freqüência, atendendo a desejos.

O resultado pode ser qualquer um, mas em geral é negativo e leva a um afastamento ainda maior de suas reais necessidades. Esse executivo pode ser tornar viciado no próprio trabalho, ou buscar carinho e afeto na rua, ou comer descontroladamente, ou fumar, ou beber. Pode ser até uma combinação dessas coisas.

Quanto mais esse indivíduo se entrega a seus desejos, em busca do prazer momentâneo, mais ele se afasta de seus reais objetivos. Ele se sente frustrado e culpado, aumentando seu deficit de sensações positivas, o que piora ainda mais o quadro e sua compulsão pelos desejos.

Se você não passou por essa situação, provavelmente deve estar se perguntando se é assim mesmo que as coisas acontecem. O melhor conselho que posso lhe dar é que acredite no que estou dizendo e continue a dar prioridade as suas necessidades, pois não fazê-lo pode ser muito perigoso.

Se você se identificou de alguma maneira com o que apresentei acima, tenha esperança pois sempre há formas de se livrar desse ciclo negativo. Se você ainda se sente com o controle da situação, páre e reflita sobre suas reais necessidades. Monte um plano de ação para atendê-las e procure controlar seus desejos enquanto os benefícios do atendimento de suas necessidades não se apresentarem. Seja perseverante e paciente pois vai levar um tempo para que as coisas mudem.

Se você já tentou sair do ciclo e não conseguiu, ou se acha que lhe faltam forças para enfrentar a situação, procure ajuda. Um bom terapeuta poderá ajudá-lo no processo de reflexão e de busca de seus reais objetivos e necessidades.

Se você tiver alguma dúvida, me envie um e-mail no endereço paulo.pinho@uol.com.br . Terei muito prazer em ajudá-lo.

PP

Um comentário:

  1. ostei muito apesar de ter achado o blog através de uma pesquisa no google sobre desejos e necessidades,admirei muito a abordagem do tema. Parabéns...

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