sábado, 12 de janeiro de 2008

Ouvindo sua Consciência

Olá,

Você se lembra da última vez em que deu uma resposta qualquer para se livrar de uma situação embaraçosa? Se é capaz de lembrar é sinal que sua consciência continua funcionando apropriadamente. Se não lembra, restam duas alternativas. Ou você é um ser perfeito, ou sua consciência já desistiu de você.

A covardia de enfrentar situações mais difíceis é uma fraqueza com que todos temos que conviver. Seja a desculpa esfarrapada para não participar de uma apresentação em público ou de um campeonato importante, seja a explicação bem elaborada sobre como as coisas falharam por culpa de outros fatores, o fato é que muitas vezes preferimos mentir, omitir ou generalizar a enfrentar corajosamente determinadas situações.

Não se sinta culpado por ter comportamentos covardes de vez em quando. A covardia, apesar da conotação negativa da palavra, está associada a auto-preservação. Um animal que se esconde de outro maior, está se acovardando para se preservar. Um executivo que se cala perante uma grande injustiça feita por alguém poderoso demonstra seu temor de ser punido, uma atitude covarde mas de auto-proteção.

Se você preferir, substitua a palavra covardia por medo ou qualquer outra que demonstre sua incapacidade de fazer o que sua consciência diz que deveria ser feito. Meu objetivo é alertá-lo para a importância de manter sua consciência viva e de trabalhar para satisfazê-la o máximo possível.

Cada vez que você passar por uma situação em que sua consciência grita, pedindo para que você faça algo diferente do que você acaba de fazer, preste atenção a ela. Procure, se possível, voltar a atrás e enfrentar a situação de frente. Se não for possível, procure se expor a essa situação novamente de maneira mais preparada e tente disciplinadamente fazer diferente da próxima vez.

A consciência é a maior amiga de nossos valores e princípios. Ela funciona como uma bússola, nos informando a cada momento que direção tomar. Se a respeitamos freqüentemente, nos sentimos mais felizes e nos aproximamos de nossos reais objetivos de vida. Se deixamos de respeitá-la ou o fazemos com freqüência, nos afastamos de nossos valores e princípios, o que é tão doloroso que preferimos nos esquecer que eles existem. O resultado é que nossa consciência vai perdendo força, sendo obstruída por racionais elaborados que explicam cada comportamento inadequado, que funcionam como uma barreira de proteção contra nós mesmos.

Como internamente continuamos com nossos valores e princípios e como nossa consciência continua operando, apesar de estar sendo obstruída, a infelicidade vai se instaurando em nossa vida. Aos poucos, o alívio por não mais ouvir a consciência vai se transformando em um incômodo indefinido, que por não ser identificável não pode ser atacado. Fica difícil comemorar o "sucesso" e as coisas vão perdendo o sentido sem que sejamos capazes de entender o porquê.

O remédio para esse sofrimento? Desobstruir a consciência e deixá-la aconselhá-lo novamente. Mesmo que seja mais doloroso no início, é melhor assim.

Para evitar que sua consciência seja obstruída ou para fazê-la voltar a tona, sugiro os seguintes exercícios diários:

1) Preste atenção em suas reações em situações difíceis e reconheça sua incapacidade momentânea de reagir adequadamente a elas. Não importa se se trata de algo pequeno como mentir sobre ter feito uma ligação telefônica não realizada ou algo grande como ter cometido um erro sério na empresa em que trabalha. Reconheça sua responsabilidade no evento e o fato de que você poderia ter feito melhor.

2) Resista à tentação de explicar sua atitude utilizando argumentos racionais, principalmente se eles são interpretações distorcidas de seus valores e princípios. Os comportamentos mais terríveis podem ser justificados racionalmente pelos mesmos valores e princípios que justificam os comportamentos mais louváveis.

3) Procure enfrentar sua fraqueza tentando, se possível, reverter a ação que não lhe pareceu correta.

4) Se não for possível reverter os efeitos e sua ação, aceite que falhou, se perdoe por ter falhado e fique alerta para a próxima situação em que algo parecido acontecer. De preferência, treine o comportamento desejado em uma situação menos ameaçadora e se prepare para agir de maneira diferente no futuro.

5) Procure confessar sua fraqueza para alguém de sua confiança e que lhe possa dar uma força. Você vai sentir um alívio enorme em compartilhar seu sofrimento com outra pessoa e isso lhe dará mais energia para enfrentar suas dificuldades.

6) Reconheça a si próprio sempre que for capaz de ouvir sua consciência. Dê valor ao seu próprio esforço.

7) Mantenha-se alerta e preste atenção em seus sinais internos. A consciência fala conosco de diversas formas e a melhor maneira de ouvi-la é fechar os olhos e sentir o que nosso corpo está dizendo. Faça uma experiência e veja como funciona.

Se você seguir os passos acima e quiser compartilhar comigo sua experiência, por favor me envie um e-mail no endereço paulo.pinho@uol.com.br. Sua experiência irá me ajudar a desenvolver melhor esse tema no futuro.

PP

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