terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Crescer ou Morrer

Olá,

Já foi o tempo em que a maioria das empresas eram constituídas e passavam de gerações para gerações crescendo lentamente ou, em muitos casos, mantendo-se do mesmo tamanho por décadas. A realidade de hoje é muito diferente e até mesmo pequenos comércios tradicionais como padarias, farmácias e restaurantes, aos poucos vão se tansformando em cadeias de lojas espalhadas por todo o país.

Ainda que existam alguns negócios que sobrevivem mais ou menos do mesmo tamanho por décadas, a verdade é que a máxima crescer ou morrer está cada dia mais presente no dia a dia do empresariado. O mais impressionante é que não existe um tamanho pré-definido a partir do qual a empresa poderia ser considerar segura, ao contrário, as maiores empresas do mundo continuam sofrendo a pressão para continuarem crescendo sob o risco de acabarem engolidas pela concorrência.

Talvez a expressão morrer seja muito forte para descrever o que acontece com as empresas que não crescem na velocidade esperada. Em vez disso elas são absorvidas por empresas mais ousadas ou poderosas, que aceitam o desafio de buscar taxas de crescimento maiores ou que preferem comprar os concorrentes a partir para uma luta sangrenta pela disputa de uma fatia de mercado.

Quem é mais antigo na área de informática com certeza se lembra da Digital, empresa fundada em 1957 e que era conhecida pelos potentes computadores na área de processamento científico e de engenharia e por sua vanguarda na área de redes de comunicação. Pois essa senhora foi comprada em 1998 pela Compaq, empresa que foi fundada em 1982 (25 anos depois) e que em apenas 16 anos foi capaz de levantar o capital de US$ 9.6Bi necessário para viabilizar essa operação.

Poucos anos depois, a própria Compaq foi vítima do canibalismo corporativo. Em um movimento de aquisição hostil, a HP tomou controle da estrela Compaq, pagando a fabulosa cifra de US$ 25 Bi pela concorrente, movimento que ajudou a HP a ultrapassar a tradicional IBM e tornar-se a maior empresa de informática do planeta.

E a coisa não pára por aí. Empresas como IBM, HP, Microsoft continuam em busca de novas oportunidades de compra de forma a viabilizar a entrada ou fortalecimento em novos mercados ou mesmo a manutenção da liderança em mercados já dominados por elas.

Funciona muito parecido com a natureza. Os maiores e mais fortes se alimentam dos menores e mais fracos. Entre os menores, sobrevivem por mais tempo os que são mais ágeis ou que se camuflam de forma mais eficiente. A primeira categoria se traduz em empresas que crescem rapidamente, de tal forma que seus acionistas continuam a acreditar que faz mais sentido continuar crescendo do que realizar seus lucros e vender a empresa. A segunda é representada por empresas de nicho, especializadas em mercados menores, interessantes o suficiente para remunerar os acionistas mas pequenas demais para despertar a voracidade das grandes corporações.

A carnificina, assim como na natureza, não é somente um predicado das grandes corporações. Empresas menores também consideram a possibilidade de comprar outras empresas para acelerar seu crescimento, o que faz com que a intensidade de fusões e aquisições seja ainda maior no segmento de empresas pequenas e médias.

Mas existe uma diferença entre a natureza e o mundo corporativo que torna o jogo mais emocionante e promissor. As empresas não possuem código genético que limite seus tamanhos, habilidades e tempo de vida. Elas podem crescer indefinidamente, mudar de mercado, desenvolver novos produtos e soluções, e seu tempo de vida depende da competência de seu corpo gestor ao longo dos anos.

A HP poderosa e aparentemente indestrutível de hoje já foi uma frágil iniciativa de dois brilhantes engenheiros, isso há quase 70 anos atrás. Estória similar se aplica a outros fenômenos de crescimento ainda mais impressionantes como a Microsoft (1975) e a Google (1996), demonstrando que no mundo corporativo não existe o mesmo nível de determinismo que se observa na natureza.

Qualquer executivo deve estar atento às realidades apresentadas acima. Não importa se você é empresário ou empregado, pertencente a uma empresa recem-formada ou a uma corporação centenária e de grande porte. A máxima crescer ou morrer estará presente todo. Não é uma opção.

Se você tem exemplos de empresas que cresceram rapidamente ou que morreram por não crescer o suficiente, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

PP

Nenhum comentário:

Postar um comentário