sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A Inércia e os Executivos

Olá,


A inércia é um termo da física que traduz a característica dos corpos que possuem massa em se manter em velocidade constante quando não são submetidos a qualquer tipo de força. Por conta da inércia, um corpo parado continuará dessa maneira até que seja submetido a uma força que o faça se mover. Da mesma forma, um corpo em movimento continuará a se mover em linha reta indefinidamente se nenhuma força o fizer mudar de velocidade ou direção.

No mundo real existe sempre a presença de pelo menos uma força, o atrito. Dessa forma, um corpo em movimento que não tenha nenhuma outra força aplicada sobre ele irá se desacelerar gradativamente até parar totalmente. Por outro lado, mesmo que apliquemos uma força sobre um corpo para que ele se mova, o ganho de velocidade será retardado pela força de atrito, cujo efeito é sempre de reduzir a velocidade do corpo.

Quanto maior a massa do corpo, mais inércia ele terá, e mais força será necessária para fazê-lo acelerar ou desacelerar. Um corpo de massa muito grande como um navio cargueiro precisará da aplicação de uma força enorme para que se coloque em movimento e sua aceleração será lenta e gradual. Por outro lado, mesmo depois que os motores sejam desativados, o cargueiro seguirá em movimento por um período longo e sua desaceleração será muito lenta.

As organizações são como grandes cargueiros. A massa das organizações pode ser representada por sua estrutura organizacional, sua velocidade é medida através dos resultados financeiros, e a força que a movimenta vem da capacidade de trabalho das pessoas que nela trabalham. O atrito pode ser representado pelos movimentos da concorrência, cujo objetivo é sempre reduzir sua velocidade, e pela ineficiência interna, que faz com que parte da energia aplicada seja perdida.

Como a massa das grandes corporações é muito grande, as variações e movimento são lentas e graduais. Além disso, sujeitas a forças externas de grande magnitude, o movimento das organizações não é função direta de suas capacidades de gerar energia. Uma organização extremamente potente em um mercado altamente competitivo pode acelerar lentamente, enquanto uma organização relativamente fraca pode ter aceleração expressiva ser estiver em um mercado menos competitivo.

A não consideração dos conceitos de inércia e atrito na gestão das organizações tem levado muitos executivos a cometerem erros graves durante a condução dos negócios. Demasiadamente focados nos resultados de curto prazo, esses executivos perdem a capacidade de perceber a dinâmica das forças que movem a organização e passam a interpretar os indicadores de resultado de forma equivocada.

São comuns os exemplos de executivos sendo premiados por resultados que na verdade foram gerados pelo trabalho dos que os antecederam. Muitas vezes esses executivos estão destruindo o que foi arduamente construído, mas os resultados de curto prazo gerados pela inércia do que foi feito anteriormente e pelo ganho de velocidade que ainda perdura por algum tempo faz com que a corporação os veja como verdadeiros heróis.

Da mesma forma, estratégias brilhantes e vencedoras são abandonadas por não se perceber que a inércia precisa ser vencida antes que os resultados sejam notados. Grandes movimento acabam sendo substituídos por estratégias medíocres que, por herdarem a inércia dos esforços anteriores, são avaliadas injustamente como as geradoras do resultado finalmente obtido.

Todo executivo deveria ter uma aula sobre dinâmica e a importância dos conceitos de inércia e de atrito. Esse tipo de aprendizado ajudaria a evitar grandes enganos e a resgatar muitas injustiças do mundo corporativo.

Se você possui exemplos de enganos ou injustiças provenientes do não conhecimento sobre a influência da inércia nas corporações, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br

PP

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