terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Semear é uma Opção, mas a Colheita é Obrigatória.

Olá,

Quando fiz meu MBA, tive a oportunidade de receber algumas aulas de Gestão de Saúde que me ajudaram muito ao longo dos anos. O professor, um cara muito simpático e que transpirava saúde, enfrentava aquele grupo de executivos com idades variando entre 25 e 45 anos e nos alertava para as consequências da vida estressada e sedentária da maioria de nós.

O processo iniciava com uma caminhada pela manhã. Nos encontrávamos às 6:30H da manhã, fazíamos 15 minutos de alongamento, 45 minutos de caminhada e mais 15 minutos de alongamento ao final. Durante todo o trajeto, nosso mestre falava sobre a importância do exercício físico para saúde e de como sua prática era capaz de dar mais equilíbrio e produtividade aos executivos.

Ao longo do dia, nos intervalos das aulas tradicionais como finanças e economia, lá vinha ele novamente com suas mensagens de sabedoria e mais técnicas de relaxamento ou exercícios laborais. Essas sessões duravam entre 5 e 10 minutos e a colaboração da turma variava de pessoa para pessoa. Alguns, como eu, seguiam rigorosamente suas orientações, outros caçoavam e faziam pouco daquele trabalho.

Em geral, as pessoas que se encontravam pela manhã para a caminhada eram mais aplicadas do que as que constantemente faltavam a esse compromisso diário. Outra observação interessante era o fato dos mais jovens serem menos interessados nas aulas do que os mais velhos.

Apesar de visivelmente incomodado pelo comportamento inadequado de alguns, o professor mantinha a calma e o foco em sua missão. Não se abalava nenhum minuto e continuava a orientar aos que se dispunham a seguí-lo. Sua única reação aos que se recusavam a praticar os exercícios era a repetição da frase: "Semear é uma opção, mas a colheita é obrigatória."

Ao final do dia, nos encontrávamos novamente para uma sessão de alongamento e relaxamento. Por cerca de 30 minutos tínhamos a oportunidade de refletir um pouco sobre como tinha sido nosso dia de trabalho e de perceber nossos próprios corpos.

A rotina era repetida todos os dias de uma semana completa, período em que ficávamos no campus da fundação, e posso dizer que me ajudaram a reformar a maneira como encarava o trabalho e os compromissos do dia a dia. Foi naquelas sessões que aprendi que cuidar da saúde era obrigação de todo executivo que ocupa posição de liderança e que a maioria dos executivos de sucesso cuidam de sua própria saúde.

Quase 5 anos após o término de meu MBA, ainda lembro com prazer das caminhadas e das sessões de relaxamento que tive a oportunidade de fazer durante aqueles dias. Aos poucos fui incorporando em minha vida mais tempo para cuidar da saúde e para me exercitar e, posso afirmar, as coisas só melhoraram.

Se você estiver sentindo sua saúde deteriorar ao longo dos anos, lembre-se da frase de meu professor e pense que tipo de sementes está plantando para o futuro. Afinal, semear é uma opção mas a colheita é obrigatória.

Abraços,

PP

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A história dos Sapinhos

Olá,

Já faz alguns anos recebi de um amigo uma história que fala sobre os perigos de sermos influenciados com a visão pessimista de algumas pessoas. Nesse momento em que ouvimos de todas as partes notícias sobre a crise econômica e financeira e de como essa pode ser a pior de todas as crises, desde a depressão de 1930, resolvi compartilhar com vocês essa ingênua, mas muito profunda, historinha.

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OS SAPINHOS

Era uma vez, uma corrida de sapinhos.

O objetivo era atingir o alto de uma grande torre.
Havia no local uma multidão assistindo. Muita gente para vibrar e torcer por eles.

Começou a competição.
Mas como a multidão não acreditava que os sapinhos pudessem alcançar o alto daquela torre, o que mais se ouvia era:
“Que pena !!! Esses sapinhos não vão conseguir. Não vão conseguir.”

E os sapinhos começaram a desistir.

Mas havia um que persistia e continuava a subida, em busca do topo.

A multidão continuava gritando: “Que pena !!! Vocês não vão conseguir.”

E os sapinhos estavam mesmo desistindo um por um, menos aquele sapinho que continuava tranquilo, embora arfante.

Ao final da competição, todos desistiram, menos ele.

A curiosidade tomou conta de todos. Queriam saber o que tinha acontecido.

E assim, quando foram perguntar ao sapinho como ele havia conseguido concluir a prova, descobriram que ele era surdo.

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Vale a reflexão sobre o tema. Especialmente nos momentos mais difíceis, é comum que tenhamos nossas convicções e auto-confiança abaladas. Nesse momento, ficamos mais vulneráveis às opiniões das outras pessoas e é aí que mora o perigo.

Se nos deixarmos levar pelas milhares de vozes que anunciam o fim do mundo, entramos em depressão e ficamos paralisados, a espera do pior. Nesses momentos, os "surdos" levam vantagem pois conseguem se manter mais próximos de suas próprias intuições.

Não quero defender aqui a posição de que não devemos ouvir as pessoas que estão a nossa volta. Isso também seria perigoso e um erro a longo prazo. Minha mensagem é mais no sentido de que lutemos para manter nossos ouvidos atentos a nossas convicções e a nossa própria percepção do ambiente. Além disso, independente de quais sejam suas percepções ou as opiniões dos outros, é preciso sempre acreditar que é possível e que podemos vencer os obstáculos que temos pela frente.

Em tempos de crise, está provado, os pessimistas se escondem e se igual à média. Em outras palavras, se tornam medíocres (não se choque, a palavra medíocre quer dizer ficar na média). Já os otimistas, deixam as preocupações de lado e focam nas oportunidades, um grande passo para o sucesso.

Se você tiver histórias como a dos sapinhos e quiser compartilhá-as, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Terei grande prazer em publicá-las.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A Importância de Confiar nas Pessoas

Olá,

Pare uns minutos e reflita sobre quantas vezes durante a última semana você desconfiou das pessoas com quem convive diariamente. Vale qualquer desconfiança, desde a incerteza sobre a capacidade de um funcionário de fazer a tarefa solicitada, até a dúvida sobre seu filho ter realmente escovado os dentes depois de jantar.

Refletiu? E aí, qual foi a sua conclusão?

Com um pouco de esforço e sinceridade consigo mesmo, a maioria dos executivos chega a uma conclusão incômoda. Desconfiamos das pessoas com muito mais frequência do que gostaríamos de assumir.

Mas por que é assim?

Desconfiar que algo pode dar errado é uma técnica razoavelmente eficiente de antecipar problemas e buscar alternativas para contorná-los ou evitá-los. Também é uma forma de evitar grandes frustrações. Afinal, se já sabemos que não é possível confiar cem por cento em alguém, ficamos menos frustrados quando constatamos que tínhamos a razão.

A capacidade de antecipar e evitar problemas assim como a de enfrentar as frustrações do dia a dia são altamente valorizadas no mundo corporativo, o que reforça o comportamento da desconfiança sobre a capacidade/intenção das outras pessoas.

Mas existem custos com esse tipo de comportamento que devem ser levados em consideração. Primeiramente, a maioria das pessoas nota quando não confiamos nelas, o que as desmotiva e fragiliza a relação de confiança conosco. Além disso, a desconfiança nos leva para um modo negativo de pensar, que possui foco no problema e não na solução, nos deixando menos criativos e ousados, mais orientados ao gerenciamento de crises do que a construção de sonhos.

Controlar o estímulo quase automático de não confiar nas pessoas é uma tarefa difícil, muitas vezes impossível no dia a dia profissional. No entanto, a experiência prática mostra que os líderes que operam mais tempo no modo de confiança, são mais admirados e entregam resultados de longo prazo melhores para suas organizações.

Confiar nas pessoas não significa se iludir e acreditar que elas são capazes de qualquer coisa, independentemente do ambiente em que se encontram. Ao contrário, significa conhecê-las mais a fundo, entender suas limitações e virtudes, ajudando-as a evidenciar o que possuem de bom e a desenvolver suas habilidades menos evidentes.

Confiar nas pessoas significa acreditar que na essência todos possuem valor e que os comportamentos podem e devem ser separados das pessoas. Não há nenhum problema em criticar um comportamento quando ele prejudica a organização, mas deve-se ter o cuidado de separar a pessoa do comportamento sob o risco de rotular a pessoa.

Rotular pessoas como mentirosas, preguiçosas ou incompetentes é o primeiro passo para a desconfiança. Como posso confiar em algo que uma pessoa mentirosa me diz; como confiar que um preguiçoso se esforce em determinada tarefa; ou que um incompetente seja capaz de executar uma tarefa difícil.

O primeiro passo para confiar nas pessoas é retirar os rótulos que sem querer colocamos nelas. É difícil, mas precisa ser feito.

Comportamentos são muito dependentes de fatores externos e circunstanciais. Uma pessoa tranquila e controlada é capaz de agir de maneira extremamente agressiva para defender sua própria vida ou de um ente querido. Pessoas extremamente agressivas no ambiente familiar podem se comportar de maneira agradável em ambientes profissionais e vice-versa. Um bom gerente em determinada empresa pode ser um grande fracasso em outra organização.

Quando separamos o comportamento das pessoas, somos capazes de pensar nas ações que podem levar a modificar esse comportamento ou a torná-lo menos frequente. Podemos discutir mais abertamente os problemas, sem medo de magoar as pessoas, de forma mais construtiva e objetiva.

Quando confiamos nas pessoas, separando sua essência de seus comportamentos, transformamos impossibilidades em oportunidades. Uma pessoa de mau caráter não merece confiança, mas alguém que roubou por desespero merece uma segunda chance. Um idiota não pode liderar um projeto, mas alguém que falhou por não estar preparado para determinada tarefa pode ser treinado e se tornar um grande líder de projeto.

Confiar nas pessoas é fundamental para a construção de longo prazo de uma organização. Pense nisso e procure treinar seu comportamento perante essa realidade. Sempre que sentir que está rotulando alguém, lembre-se que as pessoas são boas em essência e que comportamentos podem e devem ser mudados. Acredite nas pessoas, sempre, e critique os comportamentos, quando necessário.

Se você tiver comentários sobre esse e outros artigos, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

PP

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Pequenas Empresas, Grandes Oportunidades

Olá,

Não adianta negar. Diante de duas oportunidades de emprego, a primeira em uma grande multinacional e a segunda em uma pequena empresa local, a maioria dos executivos opta pela aparente segurança e poder da organização maior.

Mas será que as maiores oportunidades estão realmente nas grandes empresas? Quais as principais diferenças entre trabalhar para uma organização mundial de grande porte e uma empresa local pequena ou média?

Durante minha vida trabalhei em diversas empresas com tamanhos e origens diferentes. Também tive a oportunidade de conversar com outros executivos de vários setores, cada um com experiências variadas.

Foi a partir dessa coletânea de vivências, que cheguei ao resumo abaixo sobre as principais diferenças entre as grandes multinacionais e as empresas pequenas e médias locais. Não se trata de um estudo científico, nem tem o objetivo de ser 100% preciso, mas pode ajudar a pensar sobre que caminho você pretende dar a sua carreira quando as oportunidades surgirem.

Flexibilidade:

Grandes Empresas - Grandes empresas não são conhecidas por sua flexibilidade. Ao contrário, se sua intenção é trabalhar em uma grande multinacional, prepare-se para enfrentar centenas de processos pré-definidos e regras que mesmo parecendo estranhas devem ser seguidas a risca.

Pequenas Empresas - Em geral pequenas e médias empresas são mais flexíveis. Seus processos são mais recentes e menos detalhados, o que permite maior flexibilidade no dia a dia.

Autonomia:

Grandes Empresas - Você está preparado para pedir autorização a dezenas de pessoas para cada decisão que toma? Pois essa é a realidade da maioria das grandes organizações. O gigantismo exige maior grau de controle e a melhor maneira de evitar desastres é obrigar que várias pessoas se envolvam nas decisões mais importantes. O processo de tomada de decisões em grandes empresas é complexo e exige muita habilidade política. É preciso convencer a seus pares, seus superiores e, em muitos casos, até a seus subordinados, antes de ir em frente com alguma ideia nova.

Pequenas Empresas - Quando administradas por pessoas bem preparadas, pequenas empresas são um convite ao empreendedor. Existe espaço amplo para criar e a autonomia é quase sem limites. Mas aqui vale uma observação. Pequenas empresas administradas por pessoas centralizadoras podem significar menos autonomia do que em grandes organizações. O motivo é simples: É mais fácil convencer dezenas de executivos de uma grande empresa do que um dono cabeça dura e centralizador.

Segurança:

Grandes Empresas - Talvez esse seja o maior o choque para quem não conhece esse tipo de empresa. A segurança de emprego em uma multinacional é equivalente a de uma grande cidade violenta, quase nenhuma, principalmente quando trabalhamos fora do país sede. O executivo de uma grande empresa está sempre em cheque. A cada ano, quando nos aproximamos do quarto trimestre fiscal, a dança das cadeiras começa e sempre tem alguém que sobra.

Pequenas Empresas - A pequena empresa costuma levar a sério a afirmação de que as pessoas são o seu maior patrimônio. Ela sabe que perder alguém pode significar perder clientes e conhecimento e procura manter seu quadro de funcionários mais estável. As pessoas se conhecem mais e existe maior grau de compromisso com o time.

Benefícios Indiretos

Grandes Empresas - A lista de benefícios indiretos oferecida por grandes empresas multinacionais impressiona. Além dos tradicionais, a oportunidade de viajar para outros países e os agressivos planos de bonificação por resultados saltam aos olhos dos executivos mais arrojados. As grandes multinacionais sabem encantar os executivos e suas famílias com o glamour de sua grandeza e o fazem com grandes festas e convenções, prêmios anuais tentadores e viagens inesquecíveis para aqueles que vencem os jogos de competição criados por elas.

Pequenas Empresas - Prepare-se para uma lista bem mais modesta de benefícios. Você pode até ganhar um bom dinheiro, mas será preciso demonstrar de verdade que sua participação trouxe prosperidade para a organização. A não ser em empresas que lidam com o mercado externo, viagens a outros países serão raras e as festas e convenções muito mais comedidas e controladas.

Ambiente de Trabalho

Grandes Empresas - O ambiente de trabalho em uma grande empresa é variado e depende muito da liderança de cada grupo. É impressionante ver que grupos diferentes possuem humor totalmente diferente em uma mesma empresa. Existe um padrão geral, que também varia muito de empresa para empresa, mas o grupo mais próximo domina o padrão de relacionamento de um time. Se você quer saber como será seu ambiente de trabalho, conheça seu futuro chefe e terá uma boa ideia de como será.

Pequenas Empresas - O ambiente de trabalho de uma empresa pequena é muito dependente do perfil do dono. Sua presença é em geral muito marcante e não há chefe imediato que consiga neutralizar sua influência. Para saber como será o ambiente de trabalho em uma empresa menor, recomendo que você procure saber como é o jeito de trabalhar do dono e qual o seu grau de interferência no dia a dia. Conhecer o estilo de chefe imediato também é importante, mas não suficiente.

Se você tem comentários sobre esse e outros artigos, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

PP

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Trabalhando em Casa

Olá,

A tecnologia veio para ficar e a cada dia transforma mais a maneira como nos informamos, nos comunicamos e até nos relacionamos. Quem, a não ser por nostalgia, se atreveria a escrever uma carta a um amigo distante nos dias de hoje? Afinal, um e-mail, um telefonema ou a comunicação direta no skype ou no msn são muito mais práticos, rápidos e interativos.

Essa facilidade de comunicação avançou tanto nos últimos anos que quase temos a sensação de estarmos todos em um único escritório ou casa. Se temos uma dúvida e queremos uma resposta em algumas horas, podemos enviar um e-mail e esperar que o mesmo seja respondido. Se precisamos de respostas imediatas, basta verificar se a pessoa com quem queremos falar está disponível em seu msn ou skype e iniciamos uma conversação imediatamente. Ainda podemos optar por apenas trocar mensagens por escrito no caso de simples dúvidas ou iniciar uma conversa com áudio e vídeo, envolvendo uma ou mais pessoas.

A verdade é que a comunicação remota se aproxima cada vez mais da realizada pessoalmente, o que possibilita uma mudança radical na forma como interagimos e colaboramos nas empresas.

Já faz dois anos que trabalho em casa e não mais num escritório tradicional. Levanto por volta das 7:00H e começo o dia verificando os e-mails e preparando a agenda de trabalho. Gosto de responder os e-mails mais complexos logo de manhã, quando estou descansado e com a mente fresca.

Em torno das 8:00H, já tendo produzido mais do que tipicamente produzia em uma manhã inteira, vou até a cozinha para preparar meu café da manhã. Gasto cerca de trinta minutos nesse ritual diário e aproveito para me atualizar com as notícias do dia, assistindo canais como a Globo News e Bloomberg.

Tomado o café, inicio minha agenda diária. Algumas vezes faço uma visita ao escritório de minha empresa para ver fisicamente como andam as coisas e conversar um pouco com as pessoas. Outras vezes, quando tenho tarefas mais elaboradas a fazer, volto para meu escritório residencial e costumo ficar de 2 a 3 horas seguidas concentrado no trabalho a ser feito.

Pode parecer que fico isolado, mas a verdade é que quase me sinto no escritório. Vez por outra o sinal sonoro do skype ou do msn funciona como alguém batendo à porta de meu escritório. Os assuntos são diversos, desde um de meus sócios perguntando com anda determinado projeto, até meu filho enviando mensagens de brincadeira. Apesar de fisicamente isolado, sinto-me muito próximo das pessoas e interajo com elas o tempo todo.

No início da tarde, caso não tenha um compromisso para o almoço, tenho o costume de almoçar em minha própria casa. É mais barato e muito mais saudável. Novamente, aproveito para me atualizar um pouco mais, assistindo a programas sobre negócios ou mesmo atualidades.

Na parte da tarde concentro minhas atividades profissionais até mais ou menos às 17:00. Depois disso, dou uma parada para caminhar ou andar de bicicleta por 60 a 90 minutos.

Ao retornar de meio passeio diário, tomo um banho, janto, assisto um pouco de TV e volto ao computador para fechar o dia. Nesse último contato com o trabalho, gasto entre 30 minutos e 1 hora e procuro me concentrar nas respostas aos e-mails simples e na preparação da lista de tarefas do dia seguinte.

Não sei qual é a percepção de vocês sobre minha agenda diária, mas posso dizer que comparada ao que vivia quando trabalhava em um escritório tradicional ela possui grandes diferenças, a maioria delas para melhor.

Apresento abaixo algumas das vantagens que vejo nesse modelo de trabalho:

1 - Maior integração entre a vida pessoal e a profissional, permitindo melhor aproveitamento dos momentos de baixa produtividade e mais opções de descanso durante o dia.

2 - Maior capacidade de concentração nas atividades individuais.

3 - Menos tempo gasto e menos estresse com o processo de locomoção dentro da cidade. No meu caso, troquei 2 horas diárias de trânsito por um passeio diário de bicicleta ou uma caminhada.

4 - Possibilidade de se alimentar melhor, de se hidratar melhor e de se manter atualizado.

5 - Mais tempo para refletir sobre as coisas importantes da vida. Mais tempo para se dedicar ao que realmente é importante.

6 - Maior convívio com a família.

7 - E a lista continua...

Mas o trabalho em casa, apesar de ter muitos aspectos positivos, também traz alguns desafios. Cito alguns deles abaixo:

1 - Maior necessidade de disciplina pessoal ou você vai acabar assistindo reprises de novelas e a sessão da tarde.

2 - Um certo preconceito da família sobre sua maior presença em casa. De certa forma, eles muitas vezes esquecem que você está trabalhando e tendem a exigir mais de você e até mesmo a criticá-lo em algumas ocasiões.

3 - O risco de não ser lembrado nas grandes decisões da empresa. Existem estudos que mostram que as pessoas que trabalham remotamente são menos promovidas do que as que trabalham nos escritórios físicos.

4 - O risco de trabalhar demais. O fato do seu escritório estar a alguns passos de seu quarto de dormir é um risco potencial para aqueles que adoram trabalhar. Mais uma vez é preciso disciplina para manter um bom equilíbrio entre trabalho e lazer.

Como disse no início, trabalho em casa há cerca de dois anos e a cada dia gosto mais desse modelo. Na maioria das atividades, não há mais motivos para que as pessoas se locomovam todos os dias para um mesmo lugar somente para trabalhar e acho que o trabalho em casa é uma tendência sem retorno. Assim, se você tiver a oportunidade de trabalhar em uma empresa que valorize essa modalidade, aproveite e desfrute dessa nova maneira de produzir. Sua saúde e sua família vão agradecer muito.

Se você tiver comentários sobre esse e outros temas, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Terei muito prazer em receber seus comentários.

PP

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Mediocridade da Busca pela Razão

Olá,

Outro dia ouvi uma frase que me fez refletir sobre a força com que defendo meus pontos de vista em algumas ocasiões. Ela dizia mais ou menos o seguinte: Querer ter sempre razão é uma grande prova de mediocridade.

Sendo uma pessoa muito incisiva e que defende seus pontos de vista com força e um arsenal de argumentos, por uns momentos me senti a beira do rótulo de medíocre. Instintivamente procurei negar o conteúdo da frase, buscando situações que pudessem negar afirmação tão especialmente incômoda para quem está acostumado a buscar sempre ter razão nas discussões.

Minha busca foi infrutífera. A cada tentativa de argumento, mais me convencia de que realmente querer ter razão em nada ajuda no processo de buscar soluções ou acordos. Ao contrário, aumenta substancialmente o risco de que mudanças ocorram e de que bons acordos se concretizem.

Mas o que a busca pela razão tem a ver com a mediocridade? Não seriam as pessoas que possuem a razão na maioria dos casos mais inteligentes e conhecedoras do que as outras?

Depois de alguma reflexão minha conclusão é de que ter a razão é uma estado extremamente relativo e circunstancial. A complexidade e a dinâmica da vida e dos relacionamentos impede que, na grande maioria das vezes, seja possível definir com certeza o que está certo e o que está errado. A melhor posição perante análises antagônicas dos fatos é quase sempre no meio dos extremos, ora um pouco para um lado, ora para o outro, mas dificilmente se apresenta francamente para um dos lados.

Analisemos uma discussão típica de trânsito, em que um motorista bate na traseira do outro devido a uma freiada brusca do que está a frente. Se por um lado é obrigação do motorista que está atrás manter a distância para evitar a batida, o trânsito caótico e acelerado das grandes cidades classificaria como roda presa um motorista que mantivesse uma distância totalmente segura do que está a frente. Por outro lado, não se pode condenar um motorista por efetuar uma freiada brusca quando uma criança atravessa a rua na frente de seu carro.

Querer ter a razão em uma discussão de trânsito pode levar a discussões acaloradas, muitas vezes com consequências maiores do que o próprio incidente. Sem dúvida, uma situação que se aproxima da mediocridade.

Quando nos deslocamos para o ambiente corporativo, a discussão da razão costuma tomar uma dimensão muito maior. Discutimos de forma incisiva a responsabilidade pelos fracassos e sucessos, a intenção e a competência das pessoas, a maneira de resolver problemas, e um número enorme de outras situações.

Sendo um ambiente naturalmente competitivo, a maioria das discussões deixam de lado o objetivo inicial rapidamente e se tornam verdadeiras batalhas para definir quem tem a razão sobre determinado assunto. Discutimos horas para identificar quem possui a razão e deixamos de lado o problema a ser resolvido ou a proposta a ser construída. Perdemos um tempo valioso em discussões medíocres e não conseguimos melhorar em nada a performance da organização.

Os dois parágrafos anteriores, ainda que curtos, são suficientes para mostrar que discussões para saber quem possui a razão são improdutivas e quase sempre sem final feliz. Assim sendo, devem ser evitadas sempre que possível.

Ao refletir sobre a luta pela razão, identifiquei alguns desfechos comuns de ocorrer e que gostaria de compartilhar com vocês.

1) Um lado sai francamente vitorioso por sua maior capacidade de argumentos, deixando o outro lado em situação de quase humilhação e com um grande ressentimento. A decisão é tomada em favor do mais forte, o que muitas vezes pode representar um grande erro.

2) Os dois lados se declaram vencedores, deixando de lado o objetivo inicial de encontrar uma solução para o problema. Nesses casos, é comum não se tomar decisão alguma, postergando a solução para o impasse.

3) Um dos lados nota que a luta pela razão é inoportuna e muda o rumo da discussão. O foco do debate volta para o problema a ser resolvido e, na maioria das vezes, se encontra uma solução de consenso.

Acho que todos irão concordar que a terceira opção é mais construtiva e gera menos desgaste.

Na próxima vez em que você notar que está participando de uma discussão para definir quem está com a razão, lembre-se da frase apresentada no início desse artigo. Se não quiser fazer parte de um jogo de mediocridade, deixe de lado o seu orgulho e cesse a discussão ou faça com que ela mude de direção. Vai ser mais produtivo para todos.

Se você tiver comentários ou exemplos sobre esse e outros temas, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.

PP