Olá,
Segundo dados do SEBRAE, 60% das empresas deixam de existir nos primeiros quatro anos de vida. Elas são incapazes de crescer de forma sustentável e acabam deixando de existir quando os investidores atingem seu limite de capacidade de investimento ou de administração de riscos. É a chamada mortalidade infantil das empresas.
Mas o que podemos dizer de empresas maiores e mais antigas, aquelas que passaram pela fase de mortalidade infantil e foram capazes de alcançar notoriedade no mercado? Será que elas também podem deixar de crescer e até mesmo morrer?
Em recente pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, o desempenho das maiores empresas do mercado brasileiro foram analisados por um período de 33 anos (1973 a 2006), tomando por base sua participação no ranking das 500 Maiores e Melhores da revista Exame durante esse período. As principais conclusões foram as seguintes:
383 empresas (76,6%) deixaram o ranking – 22,7% por falência ou fechamento e 45,5% por fusão ou aquisição;
117 empresas (23,4%) conseguiram manter-se no ranking, e tiveram como fator de sobrevivência um crescimento em média 2,5 vezes acima do PIB nacional.
Isso demonstra na prática que tanto empresas pequenas e jovens quanto empresas maiores e maduras podem sofrer de falta de crescimento. Mais ainda, demonstra que em um período mais longo, a grande maioria das empresas terá problemas de crescimento pelo menos por determinado período.
Em uma tentativa de entender os motivos que levaram as empresas a se manter no ranking das maiores e melhores, a FDC investigou a história de algumas das empresas analisadas e constatou que a capacidade de planejamento e o processo sucessório foram decisivos para o crescimento continuado das empresas que se mantiveram no ranking. Nem mesmo itens como qualidade do ambiente de trabalho ou capacidade de inovação foram tão importantes quanto a disciplina de planejar o futuro e gerenciar o processo de sucessão.
Ao perguntar aos executivos das atuais maiores e melhores quanto o crescimento sustentável é estratégico para suas organizações, A FDC constatou que 90% a 98% dos executivos, dependendo do setor da economia, afirmam ser muito importante e estratégico. Esses mesmos executivos, quando perguntados se suas empresas estão crescendo adequadamente, respondem em sua maioria (91% a 93%) que não.
Os principais motivos para que o crescimento dessas empresas não ocorra conforme o desejo são:
20,0% processos inadequados;
20,0% recursos humanos limitados;
16,9% acesso limitado a capital ou formas de financiamento;
10,8% capacidade operacional limitada;
13,8% acesso limitado a mercados;
7,7% infra-estrutura de TI inadequada;
6,2% problemas de logística
As próprias respostas comprovam a importância que o planejamento tem na geração de crescimento. Os próprios executivos atribuem a falta de crescimento a fatores limitantes que, em sua grande maioria, estão sob sua própria responsabilidade. Fatores que poderiam deixar de ser gargalos do crescimento se sua necessidade fosse planejada com antecedência e houvesse um esforço coordenado por desenvolvê-los na medida e no tempo necessário para suportar o crescimento da organização.
Em vez disso, vemos a maioria das empresas concentrando seus esforços na execução de curto prazo, com seus executivos gastando muito mais energia para justificar ou comemorar os resultados do passado do que na construção dos fatores que garantirão o crescimento futuro.
Por outro lado, a busca da eficiência operacional máxima desvia quase toda a atenção dos executivos para a parcela custos da equação de geração de lucros. Quase nenhum tempo é gasto pensando em maneiras de gerar novas receitas, seja pela busca de novos mercados, seja pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços. A necessidade de entregar resultados de curto prazo faz com que todos os esforços sejam concentrados nas ações que geram resultados mais rapidamente e o corte de custos desponta como a mais eficiente arma nessa guerra.
O foco no controle de despesas e na redução e custos dificilmente deixa espaço para o desenvolvimento de recursos humanos ou da capacidade operacional da organização, o que acentua a dificuldade de crescimento, realimentando a necessidade de aumentar ainda mais a eficiência operacional.
Quanto menos se investe no desenvolvimento de recursos humanos, em capacidade operacional e em novos produtos e soluções, mais difícil é crescer, e o resultado pode ser uma redução significativa do crescimento ou até mesmo a redução do faturamento. A empresa fica vulnerável e qualquer oscilação mais importante no cenário econômico poderá representar o seu desaparecimento.
Para garantir crescimento sustentável é necessário investir de forma contínua no desenvolvimento da capacidade operacional e na oferta de produtos e serviços. Novos mercados devem ser explorados e os mercados atuais devem ser monitorados cuidadosamente, avaliando a capacidade da empresa em manter-se competitiva.
Ênfase especial deve ser dada no desenvolvimento dos recursos humanos e no processo de sucessão do corpo gerencial. Deve haver investimento constante no aprimoramento das pessoas e um processo vigoroso de busca e desenvolvimento de novos talentos deve ser prioridade. Executivos devem ser incentivados a desenvolver seus sucessores e sua designação a novos desafios deve estar vinculada a essa responsabilidade.
Crescer exige disciplina de planejamento e execução, aliada a capacidade de avaliar o ambiente, suas oportunidades e ameaças. Não é tarefa fácil mas totalmente possível se os executivos da organização realmente dão prioridade ao tema.
Se você tem comentários sobre os fatores que levam ao crescimento, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Seu comentário será de grande ajuda.
PP
segunda-feira, 31 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
Excelentes Executivos e Péssimos Pais
Olá,
A maioria dos executivos se considera capaz de lidar com várias coisas ao mesmo tempo e se julga um bom administrador de prioridades. Uma breve avaliação de suas agendas e de seus resultados comprova que esses atributos são realmente comuns nas pessoas com maior sucesso em suas carreiras.
Mas se é verdade que esses executivos são capazes de administrar altos volumes de trabalho e, ao mesmo tempo, priorizar o que é mais importante, por que será que existem tantos filhos de executivos que se ressentem da falta de presença de seus pais? Pior ainda, por que tantos executivos são forçados a lidar com verdadeiras rupturas de relacionamento com seus próprios filhos? Sendo os filhos uma de nossas maiores prioridades, não seria incoerente chegar a esse tipo de situação?
A verdade é que todos temos limitações em nossa capacidade de administrar responsabilidades e suas prioridades. Por mais organizados que sejamos, a partir de determinado momento, somos incapazes de atender a todas as demandas que surgem e começamos a transbordar, como uma caixa de água que recebe mais líquido do que é capaz de consumir. Ainda que sejamos hábeis em deixar por último as questões menos relevantes, aos poucos somos levados a uma situação em que descartamos também o que é fundamental e é quando os grandes problemas começam a acontecer.
No exemplo da relação entre o trabalho e os filhos essa limitação fica mais do que clara. A não ser em casos muito especiais, ninguém abandona seus filhos por não considerá-los importantes. Ao contrário, é a importância deles que faz com que muitos executivos trabalhem incansavelmente, sempre em busca de garantir o conforto e a segurança que eles merecem ter. Como conseqüência, convivem pouco com seus próprios filhos, deixando-os com a impressão de não serem tão importantes assim.
Durante a infância essa ausência e normalmente negligenciada pelos pais, que entendem que no futuro terão mais oportunidades de conviver com seus filhos. A experiência mostra, no entanto, que esse afastamento se aprofunda e, com muita freqüência, se transforma em mágoa e ressentimento. Quando chega a adolescência, as pequenas decepções se transformam em profundas divergências e o relacionamento entre pai e filho é abalado de forma perigosa e muitas vezes irreversível.
Esse fenômeno, que até pouco tempo era quase um "privilégio" dos homens, está se tornando muito comum também entre as mulheres que colocam maior ênfase em suas carreiras profissionais. Ainda que de forma não intencional, estamos criando uma legião de filhos funcionalmente órfãos em nossa sociedade, e isso não é nada bom.
Mesmo que você ache que é capaz de administrar tudo ao mesmo tempo ou que poderá se esforçar um pouco mais agora para aproveitar a convivência com seus filhos no futuro, não se engane. Cada momento de convivência que você deixar de ter no presente será perdido e não retornará nunca mais. Por mais cruel e pessimista que possa parecer essa afirmação, não existe garantia nenhuma de que você terá um futuro a ser compartilhado com o seu filho e cada momento deve ser aproveitado da melhor maneira possível.
Quando a necessidade de prover conforto e segurança o impelir a trabalhar muito mais do que o desejável, lembre-se de que a criança acompanhada de seu pai se sente mais segura, independente de qual seja o nível de perigo a que esteja submetida. Lembre-se também de que as coisas mais importantes de nossa vida são grátis e não precisam e nem podem ser compradas. Um passeio no parque, uma luta no colchão do quarto, ver as nuvens mudando de formato, sentir o balançar de um colo macio e acolhedor, são experiências muito mais importantes do que qualquer bem material que possa ser comprado.
Se você ainda tem dúvidas, fale com seus colegas mais velhos. Ouça as estórias que eles têm para contar e não subestime a importância desse tema.
Ser um bom pai, ou mãe, não é tão difícil assim, mas exige dedicação e tempo disponível. Não é uma questão de colocar seus filhos na lista de prioridades pois eles provavelmente já estão. A questão é colocar a convivência e o relacionamento com eles nessa lista em posição mais alta do que a obtenção pura e simples de bens materiais que os possam dar conforto e segurança.
Se você tem comentários sobre esse tema ou alguma estória para contar, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.
PP
A maioria dos executivos se considera capaz de lidar com várias coisas ao mesmo tempo e se julga um bom administrador de prioridades. Uma breve avaliação de suas agendas e de seus resultados comprova que esses atributos são realmente comuns nas pessoas com maior sucesso em suas carreiras.
Mas se é verdade que esses executivos são capazes de administrar altos volumes de trabalho e, ao mesmo tempo, priorizar o que é mais importante, por que será que existem tantos filhos de executivos que se ressentem da falta de presença de seus pais? Pior ainda, por que tantos executivos são forçados a lidar com verdadeiras rupturas de relacionamento com seus próprios filhos? Sendo os filhos uma de nossas maiores prioridades, não seria incoerente chegar a esse tipo de situação?
A verdade é que todos temos limitações em nossa capacidade de administrar responsabilidades e suas prioridades. Por mais organizados que sejamos, a partir de determinado momento, somos incapazes de atender a todas as demandas que surgem e começamos a transbordar, como uma caixa de água que recebe mais líquido do que é capaz de consumir. Ainda que sejamos hábeis em deixar por último as questões menos relevantes, aos poucos somos levados a uma situação em que descartamos também o que é fundamental e é quando os grandes problemas começam a acontecer.
No exemplo da relação entre o trabalho e os filhos essa limitação fica mais do que clara. A não ser em casos muito especiais, ninguém abandona seus filhos por não considerá-los importantes. Ao contrário, é a importância deles que faz com que muitos executivos trabalhem incansavelmente, sempre em busca de garantir o conforto e a segurança que eles merecem ter. Como conseqüência, convivem pouco com seus próprios filhos, deixando-os com a impressão de não serem tão importantes assim.
Durante a infância essa ausência e normalmente negligenciada pelos pais, que entendem que no futuro terão mais oportunidades de conviver com seus filhos. A experiência mostra, no entanto, que esse afastamento se aprofunda e, com muita freqüência, se transforma em mágoa e ressentimento. Quando chega a adolescência, as pequenas decepções se transformam em profundas divergências e o relacionamento entre pai e filho é abalado de forma perigosa e muitas vezes irreversível.
Esse fenômeno, que até pouco tempo era quase um "privilégio" dos homens, está se tornando muito comum também entre as mulheres que colocam maior ênfase em suas carreiras profissionais. Ainda que de forma não intencional, estamos criando uma legião de filhos funcionalmente órfãos em nossa sociedade, e isso não é nada bom.
Mesmo que você ache que é capaz de administrar tudo ao mesmo tempo ou que poderá se esforçar um pouco mais agora para aproveitar a convivência com seus filhos no futuro, não se engane. Cada momento de convivência que você deixar de ter no presente será perdido e não retornará nunca mais. Por mais cruel e pessimista que possa parecer essa afirmação, não existe garantia nenhuma de que você terá um futuro a ser compartilhado com o seu filho e cada momento deve ser aproveitado da melhor maneira possível.
Quando a necessidade de prover conforto e segurança o impelir a trabalhar muito mais do que o desejável, lembre-se de que a criança acompanhada de seu pai se sente mais segura, independente de qual seja o nível de perigo a que esteja submetida. Lembre-se também de que as coisas mais importantes de nossa vida são grátis e não precisam e nem podem ser compradas. Um passeio no parque, uma luta no colchão do quarto, ver as nuvens mudando de formato, sentir o balançar de um colo macio e acolhedor, são experiências muito mais importantes do que qualquer bem material que possa ser comprado.
Se você ainda tem dúvidas, fale com seus colegas mais velhos. Ouça as estórias que eles têm para contar e não subestime a importância desse tema.
Ser um bom pai, ou mãe, não é tão difícil assim, mas exige dedicação e tempo disponível. Não é uma questão de colocar seus filhos na lista de prioridades pois eles provavelmente já estão. A questão é colocar a convivência e o relacionamento com eles nessa lista em posição mais alta do que a obtenção pura e simples de bens materiais que os possam dar conforto e segurança.
Se você tem comentários sobre esse tema ou alguma estória para contar, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.
PP
quarta-feira, 12 de março de 2008
O Executivo e sua Auto-imagem
Olá,
Você já teve a oportunidade de ouvir sua própria voz em alguma gravação. Se teve, provavelmente se surpreendeu com a diferença entre a gravação e a percepção que você tem sobre sua própria voz.
É uma sensação realmente estranha. A diferença entre as vozes é grande e nossa primeira reação é de negar que aquela seja nossa voz. No entanto, dependendo da qualidade do gravador, a voz proveniente do aparelho é muito mais próxima da que as outras pessoas ouvem do que a de nossa própria audição.
Paralelo semelhante podemos fazer sobre a imagem que criamos de nós mesmos, quando confrontada com a percebida pelas outras pessoas. Não estou falando aqui da imagem física, mas da que descreve nossas atitudes, nossas virtudes e nossas falhas.
A grande maioria das pessoas possui uma auto-imagem bastante diferente daquela que percebida pelas pessoas com quem convivem, e isso gera muitos problemas de comunicação e de relacionamento.
Tomemos o exemplo de um executivo que se avalie como participativo e democrático. Para ele, não existe decisão em sua organização que não seja amplamente discutida e, portanto, suportada por todos. Sua auto-imagem é de um executivo que valoriza a participação de todos no processo de decisão e cuja decisão final procura sempre atender ao consenso da maioria.
Pois é. Existe uma grande chance que esse mesmo executivo seja avaliado por seus subordinados o mesmo superiores como sendo autoritário e com capacidade limitada de aceitar a opinião dos outros.
Mas o que será que cria tamanha desconexão?
Em primeiro lugar, está a falta de hábito que a maioria das pessoas tem de "ouvir" sua imagem a partir dos outros. Normalmente ficamos satisfeitos com nossas percepções sobre como nos comportamos e esquecemos de verificar quais foram as reações das outras pessoas. Quanto menos nos preocupamos em entender as percepções dos outros, mais nos convencemos de que estamos corretos, até o ponto em que simplesmente recusamos qualquer comentário que negue nossas próprias percepções. Quando chegamos a esse ponto de "surdez", criamos o cenário perfeito para casos como o relatado acima.
Em segundo lugar está a nossa capacidade de desenvolver justificativas para tudo o que incomoda em nosso próprio comportamento. Se somos muito autoritários, dificultando a participação das pessoas nos processos de decisão, preferimos atribuir a ausência de participação à apatia das pessoas ou ao pouco interesse das mesmas. Se recusamos todas as idéias que nos são apresentadas, preferimos acreditar que elas não seriam boas o suficiente do que admitir que não fomos capazes de perceber o seu real valor.
Seja por um motivo ou pelo outro, pessoas que deixam de "ouvir" sua imagem através dos outros, se afastam da realidade e perdem uma grande oportunidade de desenvolverem o verdadeiro auto-conhecimento. Em vez disso, criam uma imagem fantasiosa de si mesmos, gerando muitos problemas de relacionamento.
Conhecer a si mesmo é muito importante para o sucesso de qualquer executivo. Mas a única maneira de conhecermos a nós mesmos é através do exercício de perceber a reação dos outros a nossos próprios comportamentos. Somente percebendo o impacto que somos capazes de gerar nas outras pessoas é que somos capazes de avaliar o que realmente somos. Caso contrário, ficaremos para sempre "ouvindo" uma imagem distorcida de nossos comportamentos e atitudes.
Se você tem algum comentário ou sugestão sobre esse tema, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.b.
PP
Você já teve a oportunidade de ouvir sua própria voz em alguma gravação. Se teve, provavelmente se surpreendeu com a diferença entre a gravação e a percepção que você tem sobre sua própria voz.
É uma sensação realmente estranha. A diferença entre as vozes é grande e nossa primeira reação é de negar que aquela seja nossa voz. No entanto, dependendo da qualidade do gravador, a voz proveniente do aparelho é muito mais próxima da que as outras pessoas ouvem do que a de nossa própria audição.
Paralelo semelhante podemos fazer sobre a imagem que criamos de nós mesmos, quando confrontada com a percebida pelas outras pessoas. Não estou falando aqui da imagem física, mas da que descreve nossas atitudes, nossas virtudes e nossas falhas.
A grande maioria das pessoas possui uma auto-imagem bastante diferente daquela que percebida pelas pessoas com quem convivem, e isso gera muitos problemas de comunicação e de relacionamento.
Tomemos o exemplo de um executivo que se avalie como participativo e democrático. Para ele, não existe decisão em sua organização que não seja amplamente discutida e, portanto, suportada por todos. Sua auto-imagem é de um executivo que valoriza a participação de todos no processo de decisão e cuja decisão final procura sempre atender ao consenso da maioria.
Pois é. Existe uma grande chance que esse mesmo executivo seja avaliado por seus subordinados o mesmo superiores como sendo autoritário e com capacidade limitada de aceitar a opinião dos outros.
Mas o que será que cria tamanha desconexão?
Em primeiro lugar, está a falta de hábito que a maioria das pessoas tem de "ouvir" sua imagem a partir dos outros. Normalmente ficamos satisfeitos com nossas percepções sobre como nos comportamos e esquecemos de verificar quais foram as reações das outras pessoas. Quanto menos nos preocupamos em entender as percepções dos outros, mais nos convencemos de que estamos corretos, até o ponto em que simplesmente recusamos qualquer comentário que negue nossas próprias percepções. Quando chegamos a esse ponto de "surdez", criamos o cenário perfeito para casos como o relatado acima.
Em segundo lugar está a nossa capacidade de desenvolver justificativas para tudo o que incomoda em nosso próprio comportamento. Se somos muito autoritários, dificultando a participação das pessoas nos processos de decisão, preferimos atribuir a ausência de participação à apatia das pessoas ou ao pouco interesse das mesmas. Se recusamos todas as idéias que nos são apresentadas, preferimos acreditar que elas não seriam boas o suficiente do que admitir que não fomos capazes de perceber o seu real valor.
Seja por um motivo ou pelo outro, pessoas que deixam de "ouvir" sua imagem através dos outros, se afastam da realidade e perdem uma grande oportunidade de desenvolverem o verdadeiro auto-conhecimento. Em vez disso, criam uma imagem fantasiosa de si mesmos, gerando muitos problemas de relacionamento.
Conhecer a si mesmo é muito importante para o sucesso de qualquer executivo. Mas a única maneira de conhecermos a nós mesmos é através do exercício de perceber a reação dos outros a nossos próprios comportamentos. Somente percebendo o impacto que somos capazes de gerar nas outras pessoas é que somos capazes de avaliar o que realmente somos. Caso contrário, ficaremos para sempre "ouvindo" uma imagem distorcida de nossos comportamentos e atitudes.
Se você tem algum comentário ou sugestão sobre esse tema, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.b.
PP
terça-feira, 11 de março de 2008
Encontrando Velhos Amigos
Olá,
Há algumas semanas tomei a decisão de procurar os grandes amigos que tive durante o período de faculdade. Esse ano completamos 25 anos de formados e achei que seria uma bela oportunidade de nos encontrarmos novamente.
Ainda estou em busca da maioria das pessoas e aproveito para divulgar nossa intenção aqui no Blog. Se você foi ou conhece alguém da turma de engenharia elétrica da UFRJ que se formou 1983, entre em contato comigo no e-mail paulo.pinho@uol.com.br. Queremos reunir o maior número possível de pessoas nesse encontro.
Apesar e ainda faltarem muitos amigos para reencontrar, o pessoal que era mais próximo já apareceu e algumas observações já podem ser feitas.
Em primeiro lugar, o tempo agiu sobre todos nós. Os jovens de vinte poucos anos que conviveram naquela época, matando aula para beber e jogar conversa fiada nos bares do Rio de Janeiro não existem mais. Se transformaram em quarentões / cinqüentões com cabelos grisalhos, testas mais visíveis e barrigas mais proeminentes. Agora somos respeitáveis senhores de meia idade, demonstrando que o tempo não perdoa e que devemos aproveitar cada momento que nos é concedido em vez de desperdiçá-los preocupando-se em demasia ou e queixando de nossa situação.
Em segundo lugar, é visível o sucesso de todos aqueles jovens que tiveram uma formação educacional sólida e que foram incentivados a empreender. Cada um de sua maneira, todos foram bem sucedidos em suas carreiras. São estórias de sucesso que demonstram a importância de uma boa formação e de uma atitude empreendedora perante a vida.
Considerando as mudanças que o tempo impôs sobre todos nós, me chamou a atenção como ainda somos capazes de brincar e de se divertir da mesma forma que fazíamos nos corredores do fundão. A mesma irreverência ácida continua presente em todos os que faziam parte daquele grupo. As conversas são animadas e recheadas de humor e o alvo principal de nossas críticas continuam sendo nossas próprias caricaturas. O tempo transformou nossos corpos e nos trouxe realização profissional e pessoal, mas ainda temos muito daqueles jovens em nossos corações, e talvez esse seja um de nossos segredos. Que continue assim por pelo menos mais 25 anos.
Observo com prazer que ainda somos AMIGOS de verdade. Quase nos perdemos durante mais de duas décadas, trilhamos caminhos totalmente diferentes e vivemos experiências muitas vezes opostas, mas ainda somos verdadeiramente amigos. Apesar de termos sido levados a direções distintas, continuamos conectados pelas lembranças agradáveis daquele tempo em que convivemos intimamente. É uma prova de que amigos verdadeiros são para sempre, não importa o quão distantes eles estejam.
Convivemos intensamente por mais de 5 anos, aproveitando cada momento daquela experiência, aprendendo a nos respeitarmos e a nos amarmos. Fomos capazes de nos desapegarmos do conforto e da previsibilidade daquela convivência para alçarmos vôos maiores e mais solitários. Criamos novos laços de amizade, construímos nossa reputação profissional e social, enfim, amadurecemos. Agora que nos reaproximamos, constatamos que a amizade construída em alguns anos de convivência continua intacta e mais viva do que nunca em cada um de nós.
Talvez seja essa a maior lição a ser aprendida. Nosso destino é deixar marcas na vida das outras pessoas e a qualidade dessas marcas determina nossa recompensa. Não estamos aqui para ter nem para pertencer e sim para deixar e receber percepções e lembranças. Assim como um pássaro, que pousa na mão aberta do treinador habilidoso de forma espontânea e se debate na mão fechada do leigo, as amizades verdadeiras estão sempre presentes nas mentes dos verdadeiros amigos, mas se afastam daqueles que tentam artificialmente mantê-las. Por esse motivo, agradeço a todos os amigos que tenho pela oportunidade de tê-los marcado e pela honra de carregar marcas deixadas por eles.
Um grande abraço.
PP
Há algumas semanas tomei a decisão de procurar os grandes amigos que tive durante o período de faculdade. Esse ano completamos 25 anos de formados e achei que seria uma bela oportunidade de nos encontrarmos novamente.
Ainda estou em busca da maioria das pessoas e aproveito para divulgar nossa intenção aqui no Blog. Se você foi ou conhece alguém da turma de engenharia elétrica da UFRJ que se formou 1983, entre em contato comigo no e-mail paulo.pinho@uol.com.br. Queremos reunir o maior número possível de pessoas nesse encontro.
Apesar e ainda faltarem muitos amigos para reencontrar, o pessoal que era mais próximo já apareceu e algumas observações já podem ser feitas.
Em primeiro lugar, o tempo agiu sobre todos nós. Os jovens de vinte poucos anos que conviveram naquela época, matando aula para beber e jogar conversa fiada nos bares do Rio de Janeiro não existem mais. Se transformaram em quarentões / cinqüentões com cabelos grisalhos, testas mais visíveis e barrigas mais proeminentes. Agora somos respeitáveis senhores de meia idade, demonstrando que o tempo não perdoa e que devemos aproveitar cada momento que nos é concedido em vez de desperdiçá-los preocupando-se em demasia ou e queixando de nossa situação.
Em segundo lugar, é visível o sucesso de todos aqueles jovens que tiveram uma formação educacional sólida e que foram incentivados a empreender. Cada um de sua maneira, todos foram bem sucedidos em suas carreiras. São estórias de sucesso que demonstram a importância de uma boa formação e de uma atitude empreendedora perante a vida.
Considerando as mudanças que o tempo impôs sobre todos nós, me chamou a atenção como ainda somos capazes de brincar e de se divertir da mesma forma que fazíamos nos corredores do fundão. A mesma irreverência ácida continua presente em todos os que faziam parte daquele grupo. As conversas são animadas e recheadas de humor e o alvo principal de nossas críticas continuam sendo nossas próprias caricaturas. O tempo transformou nossos corpos e nos trouxe realização profissional e pessoal, mas ainda temos muito daqueles jovens em nossos corações, e talvez esse seja um de nossos segredos. Que continue assim por pelo menos mais 25 anos.
Observo com prazer que ainda somos AMIGOS de verdade. Quase nos perdemos durante mais de duas décadas, trilhamos caminhos totalmente diferentes e vivemos experiências muitas vezes opostas, mas ainda somos verdadeiramente amigos. Apesar de termos sido levados a direções distintas, continuamos conectados pelas lembranças agradáveis daquele tempo em que convivemos intimamente. É uma prova de que amigos verdadeiros são para sempre, não importa o quão distantes eles estejam.
Convivemos intensamente por mais de 5 anos, aproveitando cada momento daquela experiência, aprendendo a nos respeitarmos e a nos amarmos. Fomos capazes de nos desapegarmos do conforto e da previsibilidade daquela convivência para alçarmos vôos maiores e mais solitários. Criamos novos laços de amizade, construímos nossa reputação profissional e social, enfim, amadurecemos. Agora que nos reaproximamos, constatamos que a amizade construída em alguns anos de convivência continua intacta e mais viva do que nunca em cada um de nós.
Talvez seja essa a maior lição a ser aprendida. Nosso destino é deixar marcas na vida das outras pessoas e a qualidade dessas marcas determina nossa recompensa. Não estamos aqui para ter nem para pertencer e sim para deixar e receber percepções e lembranças. Assim como um pássaro, que pousa na mão aberta do treinador habilidoso de forma espontânea e se debate na mão fechada do leigo, as amizades verdadeiras estão sempre presentes nas mentes dos verdadeiros amigos, mas se afastam daqueles que tentam artificialmente mantê-las. Por esse motivo, agradeço a todos os amigos que tenho pela oportunidade de tê-los marcado e pela honra de carregar marcas deixadas por eles.
Um grande abraço.
PP
quarta-feira, 5 de março de 2008
Pessoas versus Papéis e Circunstâncias
Olá,
É comum termos pessoas a quem confiamos totalmente e outras das quais desconfiamos sem pestanejar. Refletir sobre o que nos leva a agir dessa maneira e sobre quando e até onde devemos acreditar em nossa intuição é o que pretendo fazer nesse artigo.
Se você está sentado em uma cadeira confortável, em frente a uma bela mesa e com algumas regalias em relação à maioria, é provável que acredite ter razoável capacidade de relacionamento com outras pessoas. Como para se relacionar bem com as pessoas é preciso conhecê-las, assumo que você se considera capaz de perceber intenções e comportamentos e partirei dessa premissa.
Aqui faço uma ressalva para o seu auto-desenvolvimento. Ser bem sucedido não é sinônimo de saber se relacionar com as pessoas tampouco de conhecê-las verdadeiramente. Se você quer saber o quanto é capaz de se relacionar com os outros, esqueça o que você pensa de si mesmo e procure saber o que os outros pensam de você, principalmente os colegas e os subordinados. Existem várias maneiras de fazer isso e um exemplo são os famosos instrumentos de avaliação 360.
Retornando ao ponto, se partirmos do pressuposto que você tem habilidade para identificar se uma pessoa é confiável ou não, então você saberá quando confiar e quando desconfiar dela, certo? A experiência mostra que não é bem assim e por vários motivos.
Em primeiro lugar, no mundo profissional recebemos a missão de defender interesses de nossas organizações. Essa missão nem sempre está alinhada com a maneira como pensamos ou como decidiríamos se fôssemos totalmente independentes. Cada profissional defende os interesses de sua organização e se comporta, ainda que alinhado com seus valores e princípios, de maneira a otimizar os interesses da parte que representa.
Não reconhecer que existem conflitos e alinhamento de interesses nas relações comerciais é simplificar demais o relacionamento, o que pode levar a situações difíceis. Por mais confiáveis que as pessoas sejam, devemos reconhecer que seus objetivos profissionais nem sempre estarão alinhados com a amizade ou a afinidade que temos com essas pessoas. Por outro lado, por menos confiáveis que as pessoas nos pareçam, interesses profissionais comuns podem ser suficientes para que uma transação justa e boa para as duas partes ocorra, mesmo sem haver qualquer tipo de afinidade.
É necessário separar o modo como as pessoas funcionam de seus papéis nas organizações. Por mais que certas ações pareçam atitudes pouco confiáveis, é necessário filtrar a influência das circunstâncias nas atitudes das pessoas sob pena de sermos extremamente injustos e demasiadamente implacáveis.
A sabedoria popular utiliza um ditado para dizer que a ocasião faz o ladrão. Essa afirmação traz um certo desconforto a qualquer um que tenha como norma seguir os seus valores, mas a verdade é que as circunstâncias têm uma influência muito grande sobre a forma como nos comportamos. Elas funcionam com as forças do vento, que afetam a velocidade e a direção de um avião em movimento. Apesar da enorme potência de suas turbinas e da alta tecnologia de navegação, qualquer avião está sujeito a acidentes por conta delas. Assim como com os aviões, estamos sujeitos às forças das circunstâncias e aos efeitos nocivos e benéficos que elas trazem.
Entender a grande força que as circunstâncias possuem não significa aceitar que elas devem definir nossos comportamentos. Assim como no caso dos aviões, quanto mais forte for o compromisso com nossos valores e mais habilidade tivermos para enfrentar situações difíceis, mais próximos estaremos do comportamento ideal. No entanto, é fundamental compreender que somos falíveis e que temos limites em todos os aspectos de nossa vida.
Saber separar a essência das pessoas das circunstâncias que a cercam não é tarefa fácil. Ao longo da vida iremos cometer vários erros de julgamento e não há nada de mal nesse fato.
Ao mesmo tempo, preocupar-se com essa realidade e trabalhar no sentido de lidar melhor com essa dualidade é um dos exercícios mais efetivos de crescimento humano e profissional, pois nos ajuda a reconhecer que a virtude e a fraqueza está presente em todos nós; que não somos perfeitos e, portanto, estamos sujeitos a falhar e a decepcionar nossos amigos; que existem coisas que estão além do nosso controle; e que julgar traz mais malefícios do que benefícios.
Se você tiver comentários sobre esse tema, não deixe de enviar um e-mail para mim. Meu endereço é paulo.pinho@uol.com.br
PP
É comum termos pessoas a quem confiamos totalmente e outras das quais desconfiamos sem pestanejar. Refletir sobre o que nos leva a agir dessa maneira e sobre quando e até onde devemos acreditar em nossa intuição é o que pretendo fazer nesse artigo.
Se você está sentado em uma cadeira confortável, em frente a uma bela mesa e com algumas regalias em relação à maioria, é provável que acredite ter razoável capacidade de relacionamento com outras pessoas. Como para se relacionar bem com as pessoas é preciso conhecê-las, assumo que você se considera capaz de perceber intenções e comportamentos e partirei dessa premissa.
Aqui faço uma ressalva para o seu auto-desenvolvimento. Ser bem sucedido não é sinônimo de saber se relacionar com as pessoas tampouco de conhecê-las verdadeiramente. Se você quer saber o quanto é capaz de se relacionar com os outros, esqueça o que você pensa de si mesmo e procure saber o que os outros pensam de você, principalmente os colegas e os subordinados. Existem várias maneiras de fazer isso e um exemplo são os famosos instrumentos de avaliação 360.
Retornando ao ponto, se partirmos do pressuposto que você tem habilidade para identificar se uma pessoa é confiável ou não, então você saberá quando confiar e quando desconfiar dela, certo? A experiência mostra que não é bem assim e por vários motivos.
Em primeiro lugar, no mundo profissional recebemos a missão de defender interesses de nossas organizações. Essa missão nem sempre está alinhada com a maneira como pensamos ou como decidiríamos se fôssemos totalmente independentes. Cada profissional defende os interesses de sua organização e se comporta, ainda que alinhado com seus valores e princípios, de maneira a otimizar os interesses da parte que representa.
Não reconhecer que existem conflitos e alinhamento de interesses nas relações comerciais é simplificar demais o relacionamento, o que pode levar a situações difíceis. Por mais confiáveis que as pessoas sejam, devemos reconhecer que seus objetivos profissionais nem sempre estarão alinhados com a amizade ou a afinidade que temos com essas pessoas. Por outro lado, por menos confiáveis que as pessoas nos pareçam, interesses profissionais comuns podem ser suficientes para que uma transação justa e boa para as duas partes ocorra, mesmo sem haver qualquer tipo de afinidade.
É necessário separar o modo como as pessoas funcionam de seus papéis nas organizações. Por mais que certas ações pareçam atitudes pouco confiáveis, é necessário filtrar a influência das circunstâncias nas atitudes das pessoas sob pena de sermos extremamente injustos e demasiadamente implacáveis.
A sabedoria popular utiliza um ditado para dizer que a ocasião faz o ladrão. Essa afirmação traz um certo desconforto a qualquer um que tenha como norma seguir os seus valores, mas a verdade é que as circunstâncias têm uma influência muito grande sobre a forma como nos comportamos. Elas funcionam com as forças do vento, que afetam a velocidade e a direção de um avião em movimento. Apesar da enorme potência de suas turbinas e da alta tecnologia de navegação, qualquer avião está sujeito a acidentes por conta delas. Assim como com os aviões, estamos sujeitos às forças das circunstâncias e aos efeitos nocivos e benéficos que elas trazem.
Entender a grande força que as circunstâncias possuem não significa aceitar que elas devem definir nossos comportamentos. Assim como no caso dos aviões, quanto mais forte for o compromisso com nossos valores e mais habilidade tivermos para enfrentar situações difíceis, mais próximos estaremos do comportamento ideal. No entanto, é fundamental compreender que somos falíveis e que temos limites em todos os aspectos de nossa vida.
Saber separar a essência das pessoas das circunstâncias que a cercam não é tarefa fácil. Ao longo da vida iremos cometer vários erros de julgamento e não há nada de mal nesse fato.
Ao mesmo tempo, preocupar-se com essa realidade e trabalhar no sentido de lidar melhor com essa dualidade é um dos exercícios mais efetivos de crescimento humano e profissional, pois nos ajuda a reconhecer que a virtude e a fraqueza está presente em todos nós; que não somos perfeitos e, portanto, estamos sujeitos a falhar e a decepcionar nossos amigos; que existem coisas que estão além do nosso controle; e que julgar traz mais malefícios do que benefícios.
Se você tiver comentários sobre esse tema, não deixe de enviar um e-mail para mim. Meu endereço é paulo.pinho@uol.com.br
PP
domingo, 2 de março de 2008
Saber Ouvir
Olá,
Já tive a oportunidade de falar sobre a tendência dos executivos em se acharem certos na maioria das ocasiões. Apesar de não parecer politicamente correta, essa características traz vários benefícios a sua carreira, pois aumenta sua auto-estima e o faz ser mais assertivo em suas idéias durante negociações ou quando enfrentam situações de crise.
Mas não são somente coisas boas que a auto-confiança exagerada traz para o mundo corporativo. Na maioria das vezes, ela vem acompanhada de uma diminuição forte na capacidade de ouvir e aceitar a opinião dos outros, o que faz com que as decisões do dia a dia sejam demasiadamente centradas na opinião do próprio executivo.
Por melhor e mais preparado que seja o executivo, decidir sem levar em consideração a opinião de outras pessoas aumenta sua possibilidade de falhar e diminui suas chances de ser mais efetivo. Além disso, corroe sua relação com as pessoas que o cercam e vai tornando-o isolado e mal visto pela maioria.
É interessante notar como a não capacidade de ouvir de executivos bem sucedidos é suavizada por muitos e entendida como assertividade, capacidade de liderança e determinação. É como se as pessoas se recusassem a acreditar que uma falha aparentemente tão grave simplesmente não pudesse ser parte de um executivo que alcança sucesso.
Saber ouvir é uma das características que ao meu ver separa o verdadeiro grande executivo dos diversos factóides que andam a solta no mercado. Simplesmente me recuso a acreditar que uma pessoa que tenha dificuldades em ouvir e aceitar outras opiniões possa ser classificada como um grande executivo, mesmo que sejam exemplos que apareçam nos meios de comunicação mais respeitados. Para mim, esses indivíduos devem seu grande sucesso a uma ou mais pessoas que, por debaixo das luzes da ribalta, passam os dias arrumando a bagunça que tais personalidades criam na organização.
Ouvir é uma das formas mais eficazes de aprender e de absorver novos esquemas de pensamento. É uma oportunidade de sair da prisão imposta por nossos próprios paradigmas e de ter contato com novas formas de pensar e de perceber as coisas.
Um bom ouvinte abre sua mente e faz com que a informação recebida essa seja a matéria prima principal de seus pensamentos durante um diálogo. Em vez de buscar argumentos para negar o que acaba de ouvir, se concentra em entender o que está sendo dito e em correlacionar essa informação com suas idéias e conceitos já estabelecidos. Em vez de responder imediatamente, o bom ouvinte reflete sobre o que acabou de ouvir, faz perguntas para entender melhor o que ainda não lhe parece claro, e acolhe as novas idéias e conceitos, mesmo que ainda não pareçam totalmente coerentes.
Um bom ouvinte aprende com os outros e não somente consigo mesmo. Ele tem mais oportunidades de evitar erros do que aquele que simplesmente não ouve ou filtra demasiadamente o que ouve. Mesmo quando erra está mais predisposto a reconhecer e até mesmo compreender seus erros, pois conta não somente com sua capacidade de observação mas também de todos aos quais escuta ativamente.
Saber ouvir não é tarefa fácil. Nossas mentes são em geral muito barulhentas e agitadas e é natural que sua predileção seja por exteriorizar os pensamentos e idéias que nelas borbulham intensamente. Um boa forma de auxiliar o processo de audição passa por acalmar nossas mentes e controlar o ímpeto de falar sempre que ouvimos alguma coisa. O silêncio e a reflexão são irmãos e nos ajudam a aumentar nossa capacidade de ouvir.
Procure se observar durante os diálogos de seu dia a dia no trabalho. Repare se você está realmente ouvindo o que os outros dizem, ou simplesmente preparando sua próxima fala. Se isso estiver acontecendo, procure mudar seu jeito de conversar e dê mais prioridade ao processo de ouvir do que ao de falar. Abaixo passo algumas dicas que tenho utilizado com algum sucesso:
1) Procure não responder a tudo que ouve. Em vez disso, tente pensar no que acaba de ouvir e procure encontrar algum sentido no que está sendo dito, mesmo que ao princípio pareça não haver.
2) Se você não entendeu bem o que foi dito, pergunte. Mas pergunte para entender, e não para afirmar algo ou para levar a conversa a outro assunto.
3) Antes de tomar uma decisão, crie o hábito de validá-la com algumas pessoas. Sem mesmo dizer o que pensa em fazer, pergunte o que elas fariam em seu lugar e quais os motivos que a fariam decidir dessa maneira. Você vai se surpreender com informações relevantes que nem passaram pela sua cabeça durante o processo de decisão. Depois disso, discuta com elas suas intenções e não tenha medo de reformar suas decisões se parecer fazer sentido.
4) Quando notar que pensou algo de maneira errada ou que esqueceu de alguma informação que acaba de ouvir, procure ser sincero e compartilhar sua falha com seus interlocutor. O exercício de reconhecer publicamente que ter ouvido o fez mudar de opinião alivia a tensão de errar e reforça a importância de ouvir.
5) Se observe e perceba como as coisas ficam mais fáceis quando se ouve.
Se você tem outras sugestões sobre como ouvir melhor ou comentários sobre os efeitos de não ouvir na carreira dos executivos envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.
PP
Já tive a oportunidade de falar sobre a tendência dos executivos em se acharem certos na maioria das ocasiões. Apesar de não parecer politicamente correta, essa características traz vários benefícios a sua carreira, pois aumenta sua auto-estima e o faz ser mais assertivo em suas idéias durante negociações ou quando enfrentam situações de crise.
Mas não são somente coisas boas que a auto-confiança exagerada traz para o mundo corporativo. Na maioria das vezes, ela vem acompanhada de uma diminuição forte na capacidade de ouvir e aceitar a opinião dos outros, o que faz com que as decisões do dia a dia sejam demasiadamente centradas na opinião do próprio executivo.
Por melhor e mais preparado que seja o executivo, decidir sem levar em consideração a opinião de outras pessoas aumenta sua possibilidade de falhar e diminui suas chances de ser mais efetivo. Além disso, corroe sua relação com as pessoas que o cercam e vai tornando-o isolado e mal visto pela maioria.
É interessante notar como a não capacidade de ouvir de executivos bem sucedidos é suavizada por muitos e entendida como assertividade, capacidade de liderança e determinação. É como se as pessoas se recusassem a acreditar que uma falha aparentemente tão grave simplesmente não pudesse ser parte de um executivo que alcança sucesso.
Saber ouvir é uma das características que ao meu ver separa o verdadeiro grande executivo dos diversos factóides que andam a solta no mercado. Simplesmente me recuso a acreditar que uma pessoa que tenha dificuldades em ouvir e aceitar outras opiniões possa ser classificada como um grande executivo, mesmo que sejam exemplos que apareçam nos meios de comunicação mais respeitados. Para mim, esses indivíduos devem seu grande sucesso a uma ou mais pessoas que, por debaixo das luzes da ribalta, passam os dias arrumando a bagunça que tais personalidades criam na organização.
Ouvir é uma das formas mais eficazes de aprender e de absorver novos esquemas de pensamento. É uma oportunidade de sair da prisão imposta por nossos próprios paradigmas e de ter contato com novas formas de pensar e de perceber as coisas.
Um bom ouvinte abre sua mente e faz com que a informação recebida essa seja a matéria prima principal de seus pensamentos durante um diálogo. Em vez de buscar argumentos para negar o que acaba de ouvir, se concentra em entender o que está sendo dito e em correlacionar essa informação com suas idéias e conceitos já estabelecidos. Em vez de responder imediatamente, o bom ouvinte reflete sobre o que acabou de ouvir, faz perguntas para entender melhor o que ainda não lhe parece claro, e acolhe as novas idéias e conceitos, mesmo que ainda não pareçam totalmente coerentes.
Um bom ouvinte aprende com os outros e não somente consigo mesmo. Ele tem mais oportunidades de evitar erros do que aquele que simplesmente não ouve ou filtra demasiadamente o que ouve. Mesmo quando erra está mais predisposto a reconhecer e até mesmo compreender seus erros, pois conta não somente com sua capacidade de observação mas também de todos aos quais escuta ativamente.
Saber ouvir não é tarefa fácil. Nossas mentes são em geral muito barulhentas e agitadas e é natural que sua predileção seja por exteriorizar os pensamentos e idéias que nelas borbulham intensamente. Um boa forma de auxiliar o processo de audição passa por acalmar nossas mentes e controlar o ímpeto de falar sempre que ouvimos alguma coisa. O silêncio e a reflexão são irmãos e nos ajudam a aumentar nossa capacidade de ouvir.
Procure se observar durante os diálogos de seu dia a dia no trabalho. Repare se você está realmente ouvindo o que os outros dizem, ou simplesmente preparando sua próxima fala. Se isso estiver acontecendo, procure mudar seu jeito de conversar e dê mais prioridade ao processo de ouvir do que ao de falar. Abaixo passo algumas dicas que tenho utilizado com algum sucesso:
1) Procure não responder a tudo que ouve. Em vez disso, tente pensar no que acaba de ouvir e procure encontrar algum sentido no que está sendo dito, mesmo que ao princípio pareça não haver.
2) Se você não entendeu bem o que foi dito, pergunte. Mas pergunte para entender, e não para afirmar algo ou para levar a conversa a outro assunto.
3) Antes de tomar uma decisão, crie o hábito de validá-la com algumas pessoas. Sem mesmo dizer o que pensa em fazer, pergunte o que elas fariam em seu lugar e quais os motivos que a fariam decidir dessa maneira. Você vai se surpreender com informações relevantes que nem passaram pela sua cabeça durante o processo de decisão. Depois disso, discuta com elas suas intenções e não tenha medo de reformar suas decisões se parecer fazer sentido.
4) Quando notar que pensou algo de maneira errada ou que esqueceu de alguma informação que acaba de ouvir, procure ser sincero e compartilhar sua falha com seus interlocutor. O exercício de reconhecer publicamente que ter ouvido o fez mudar de opinião alivia a tensão de errar e reforça a importância de ouvir.
5) Se observe e perceba como as coisas ficam mais fáceis quando se ouve.
Se você tem outras sugestões sobre como ouvir melhor ou comentários sobre os efeitos de não ouvir na carreira dos executivos envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br.
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