Olá,
Segundo dados do SEBRAE, 60% das empresas deixam de existir nos primeiros quatro anos de vida. Elas são incapazes de crescer de forma sustentável e acabam deixando de existir quando os investidores atingem seu limite de capacidade de investimento ou de administração de riscos. É a chamada mortalidade infantil das empresas.
Mas o que podemos dizer de empresas maiores e mais antigas, aquelas que passaram pela fase de mortalidade infantil e foram capazes de alcançar notoriedade no mercado? Será que elas também podem deixar de crescer e até mesmo morrer?
Em recente pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, o desempenho das maiores empresas do mercado brasileiro foram analisados por um período de 33 anos (1973 a 2006), tomando por base sua participação no ranking das 500 Maiores e Melhores da revista Exame durante esse período. As principais conclusões foram as seguintes:
383 empresas (76,6%) deixaram o ranking – 22,7% por falência ou fechamento e 45,5% por fusão ou aquisição;
117 empresas (23,4%) conseguiram manter-se no ranking, e tiveram como fator de sobrevivência um crescimento em média 2,5 vezes acima do PIB nacional.
Isso demonstra na prática que tanto empresas pequenas e jovens quanto empresas maiores e maduras podem sofrer de falta de crescimento. Mais ainda, demonstra que em um período mais longo, a grande maioria das empresas terá problemas de crescimento pelo menos por determinado período.
Em uma tentativa de entender os motivos que levaram as empresas a se manter no ranking das maiores e melhores, a FDC investigou a história de algumas das empresas analisadas e constatou que a capacidade de planejamento e o processo sucessório foram decisivos para o crescimento continuado das empresas que se mantiveram no ranking. Nem mesmo itens como qualidade do ambiente de trabalho ou capacidade de inovação foram tão importantes quanto a disciplina de planejar o futuro e gerenciar o processo de sucessão.
Ao perguntar aos executivos das atuais maiores e melhores quanto o crescimento sustentável é estratégico para suas organizações, A FDC constatou que 90% a 98% dos executivos, dependendo do setor da economia, afirmam ser muito importante e estratégico. Esses mesmos executivos, quando perguntados se suas empresas estão crescendo adequadamente, respondem em sua maioria (91% a 93%) que não.
Os principais motivos para que o crescimento dessas empresas não ocorra conforme o desejo são:
20,0% processos inadequados;
20,0% recursos humanos limitados;
16,9% acesso limitado a capital ou formas de financiamento;
10,8% capacidade operacional limitada;
13,8% acesso limitado a mercados;
7,7% infra-estrutura de TI inadequada;
6,2% problemas de logística
As próprias respostas comprovam a importância que o planejamento tem na geração de crescimento. Os próprios executivos atribuem a falta de crescimento a fatores limitantes que, em sua grande maioria, estão sob sua própria responsabilidade. Fatores que poderiam deixar de ser gargalos do crescimento se sua necessidade fosse planejada com antecedência e houvesse um esforço coordenado por desenvolvê-los na medida e no tempo necessário para suportar o crescimento da organização.
Em vez disso, vemos a maioria das empresas concentrando seus esforços na execução de curto prazo, com seus executivos gastando muito mais energia para justificar ou comemorar os resultados do passado do que na construção dos fatores que garantirão o crescimento futuro.
Por outro lado, a busca da eficiência operacional máxima desvia quase toda a atenção dos executivos para a parcela custos da equação de geração de lucros. Quase nenhum tempo é gasto pensando em maneiras de gerar novas receitas, seja pela busca de novos mercados, seja pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços. A necessidade de entregar resultados de curto prazo faz com que todos os esforços sejam concentrados nas ações que geram resultados mais rapidamente e o corte de custos desponta como a mais eficiente arma nessa guerra.
O foco no controle de despesas e na redução e custos dificilmente deixa espaço para o desenvolvimento de recursos humanos ou da capacidade operacional da organização, o que acentua a dificuldade de crescimento, realimentando a necessidade de aumentar ainda mais a eficiência operacional.
Quanto menos se investe no desenvolvimento de recursos humanos, em capacidade operacional e em novos produtos e soluções, mais difícil é crescer, e o resultado pode ser uma redução significativa do crescimento ou até mesmo a redução do faturamento. A empresa fica vulnerável e qualquer oscilação mais importante no cenário econômico poderá representar o seu desaparecimento.
Para garantir crescimento sustentável é necessário investir de forma contínua no desenvolvimento da capacidade operacional e na oferta de produtos e serviços. Novos mercados devem ser explorados e os mercados atuais devem ser monitorados cuidadosamente, avaliando a capacidade da empresa em manter-se competitiva.
Ênfase especial deve ser dada no desenvolvimento dos recursos humanos e no processo de sucessão do corpo gerencial. Deve haver investimento constante no aprimoramento das pessoas e um processo vigoroso de busca e desenvolvimento de novos talentos deve ser prioridade. Executivos devem ser incentivados a desenvolver seus sucessores e sua designação a novos desafios deve estar vinculada a essa responsabilidade.
Crescer exige disciplina de planejamento e execução, aliada a capacidade de avaliar o ambiente, suas oportunidades e ameaças. Não é tarefa fácil mas totalmente possível se os executivos da organização realmente dão prioridade ao tema.
Se você tem comentários sobre os fatores que levam ao crescimento, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Seu comentário será de grande ajuda.
PP
Parabéns pelo Artigo. Acredito que a falta de atenção aos funcionários seja um dos piores erros de uma empresa, pelo menos no setor de tecnologia.
ResponderExcluirPorLitro - www.porlitro.com.br -
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