Olá.
Muitas vezes escutamos pessoas falando sobre a necessidade de gerenciarmos o tempo. Mesmo compreendendo o sentido que essas pessoas pretendem dar a essa afirmação, é importante refletirmos um pouco sobre a impossibilidade dessa frase.
Gerenciar o tempo é impossível. Ele é implacável e preciso e passa, para efeitos práticos do dia a dia, de maneira constante independente do que possamos fazer. Não pode ser acelerado nem atrasado, tampouco pode retroagir.
O tempo define a distância entre eventos. É uma entidade abstrata e que nos ajuda a sequência dos fatos, a planejar nossas atividades e identificar os ciclos de vida que se repetem. É a noção de tempo que nos permite planejar o que faremos para atingir nossos objetivos de vida e é essa possibilidade de planejar/gerenciar nossas atividades que dá origem a expressão incorreta de "gerenciar o tempo". Tudo o que podemos gerenciar são nossas ações no tempo e não o tempo.
O tempo traz consigo outros três conceitos muito importantes: passado, presente e futuro. Vale a pena refletir um pouco sobre eles.
O passado representa o que já aconteceu e, portanto, não existe mais. Não há como retornar ao passado a não ser recorrendo a nossa memória ou aos registros que os eventos passados deixaram para trás. Tanto nossa memória quanto os registros físicos do passado (fotos, filmagens, marcas,...) representam apenas uma fração do que realmente aconteceu e não o fato em si, com todos os seus detalhes e dimensões.
Reconstruir o passado de forma completa é impossível. O que temos são apenas fragmentos de memória sobre o passado. Imagens distorcidas e incompletas que armazenamos em nossas mentes e que para complicar as coisas, são diferentes de pessoa para pessoa.
Os fragmentos de memória que temos sobre os fatos dependem da atenção que demos a cada detalhe e isso gera interpretações muito vezes totalmente diferentes sobre o fato ocorrido. Para um mesmo evento, duas pessoas poderão ter interpretações totalmente diferentes e igualmente válidas.
Discutir o passado para identificar quem tem razão, culpa ou mérito é em geral um exercício improdutivo. É perder tempo precioso e já levou a lutas e guerras das quais deveríamos nos envergonhar.
Refletir sobre o passado, compartilhando fragmentos de memória de cada um, analisando os registros que ficaram e buscando entender as causas e consequências dos fatos, fez com que a humanidade evoluísse de forma surpreendente.
Mas de uma coisa não podemos nos esquecer jamais. O passado passou e não há como voltar atrás (pelo menos por enquanto...). Assim sendo, preocupar-se com o passado ou sofrer pelo que passou é perder tempo e deixar de viver o momento mais importante de nossas vidas: o presente.
O presente talvez seja o conceito mais complexo relacionado com o tempo. Não nos damos conta, mas quando refletimos sobre o presente, na verdade estamos pensando em algo que já está no passado. Ou seja, estamos lidando com os fragmentos de memória que retivemos em relação ao que acabou de acontecer.
Na prática não há como refletir sobre o presente. Ele simplesmente está acontecendo.
Após alguma reflexão, minha conclusão é de que o que mais nos aproxima do presente são os sentimentos e as emoções. Apesar deles próprios levarem alguns milésimos de segundo para serem percebidos, podemos de maneira simplista dizer que são eles que representam o nosso verdadeiro presente.
Se pensarmos dessa maneira, o presente se resume ao que sentimos e isso nos leva a uma reflexão ainda mais profunda.
No fundo, todos nós queremos nos sentir bem. Esse é o maior objetivo de todas os seres vivos e é o que buscamos desde o momento em que nascemos até a hora em que partimos dessa vida. Esse fenômeno existe apenas no presente, mesmo que em alguns momentos seja resultado de nossos exercícios mentais com fragmentos do passado ou visões do futuro.
Viver bem é maximizar os momentos de bem-estar, em detrimento aos momentos em que nos sentimos mal.
Mas o que significa sentir-se bem? Bom, esse conceito deixo para um próximo artigo.
Ainda falta falar do futuro. Ahhh, o futuro.
A verdade nua e crua é que o futuro é totalmente incerto. Não sabemos se haverá futuro. Da mesma forma que esse pode ser apenas um de meus primeiros artigos, também pode vir a ser o último. Você que me lê nesse momento, por mais velho ou novo que seja, pode ter mais alguns minutos ou vários anos de vida pela frente. Ninguém sabe quanto tempo ainda temos.
O fato do futuro ser incerto nos traz dúvida e insegurança, mas também pode trazer esperança. Só depende da maneira como pensamos no presente.
Se somos positivos quanto ao futuro, nos sentimos melhor no presente. Não importa se o futuro vai ou não existir, o que importa é que estamos maximizando nossos momentos de bem estar. Se somos negativos sobre o futuro, nos sentimos mal no presente, e vamos contra nosso maior objetivo de vida.
Pensar positivo sobre o futuro não significa necessariamente fantasiar situações cuja probabilidade de ocorrer seja mínima. Planejar suas ações para atingir determinado objetivo desejado e visualizar-se chegando lá também cria uma imagem positiva do futuro.
Planejar o futuro de forma positiva e trazê-lo ao presente sob a forma imagens é altamente positivo. Além de trazer bem-estar no presente, aumenta as possibilidades de atingirmos nossos objetivos de vida.
Não importa muito se o futuro irá realmente acontecer da maneira que visualizamos. O ato de visualizar algo positivo para o futuro já nos traz bem-estar no presente e esse ato repetido ao longo de nossa existência maximiza nosso bem-estar ao longo da vida.
Preocupar-se com o futuro é, assim como no caso do passado, uma grande perda de tempo. Traz mal-estar para o presente e nos faz pensar em modo negativo. Em resumo, vai contra nossos objetivos de vida.
Para concluir, deixo as seguintes dicas:
Viva o presente com intensidade e busque sempre o bem-estar.
Reflita sobre o passado sempre em busca de aprendizado e nunca para se lamentar ou trazer de volta sentimentos negativos.
Planeje o futuro de forma positiva. Visualize-se atingindo seus objetivos e traga essa sensação para o presente. Ela vai ajudá-lo a construir um futuro melhor.
Se você tem comentários sobre esse ou outro artigo, envie um e-mail para paulo.pinho@uol.com.br. Terei muito prazer em recebê-lo.
PP
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